quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

As pessoas da nossa estrada

As pessoas da estrada da vida de um ser, não necessariamente são as que estão mais próximas. Podem existir aquelas que estão na história, mas não integram a essência do autor da mesma, passam ao largo, são simples figurantes do enredo. Da mesma forma, há outras que em uma primeira visão não estão lá de corpo, mas fazem parte. E, é claro, há as que estão de todo, de corpo e alma.
No decorrer da vida, se vive várias fases e faces e em cada uma delas depara-se com pessoas com ou sem haver com elas. Existem as ligações e os encontros. As das ligações seguirão junto na estrada da existência, e as dos encontros ficarão no máximo como uma lembrança de alguém que passou por ti.
As pessoas da estrada seguem por todo o caminho ao lado, mesmo que não seja de forma física, mas de energia e alma. São as que vibram na mesma harmonia, não importa a frequência, elas lá estão a vibrar com contigo e por ti.
As energias afins, não são eleitas, são encontradas. Pode-se passar uma vida a procura e não achá-las, mas ao longo da existência certamente se irá com elas topar.
A estrada pode ser difícil, mas elas, as pessoas que vibram junto, farão com que o árduo caminho seja suportável ao infinito gerando energias para que o ser o seu objetivo consiga mirar e não derrapar.
As pessoas da estrada serão eternas na memória, mesmo que não encontradas em alguma fase da existência, o que não será um desencontro e sim um breve descompasso de momento.
Há também aqueles que acham não haver ninguém que possam considerar como as “suas pessoas da estrada”. Pena que não conseguem enxergar, ou o que é pior, são incapazes de sentir os que por ele vibram. Sempre haverá alguém, pois a estrada sempre estará lá com suas energias a pulsarem, mesmo que por ela não se queira trafegar. A vida vive independente do querer, simplesmente segue, e caberá a ti segui-la ou não, por que ela não irá parar ou desacelerar para te esperar, quando passar, já foi.
As pessoas da tua estrada não a construirão por ti, mas sim lá estarão a te dar a mão quando os percalços tiveres que enfrentar, ou para simplesmente rirem e sentirem, não por ti, mas junto de ti os momentos felizes que passares em teu percurso.
A estrada de cada um é única, não reta, mas uma só, por mais desníveis e curvas que possa haver. É o caminho por onde a existência borbulha as energias do universo do SER a cada vida vivida e sentida. Há vários trechos a serem percorridos, mas todos de uma mesma trilha que vai sendo traçada a cada fase do existir.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Conexões que nunca deveriam ter acontecido

Sem nenhum julgamento, pois esse não é o objetivo, mas ao longo da vida observam-se algumas conexões que nunca deveriam ter acontecido. Ligações camufladas de sentimentos inexistentes alimentados por interesses outros não possíveis de serem admitidos e assumidos até o momento do doloroso e por vezes cruel rompimento.
Será realmente que a máxima O amor e ódio convivem lado a lado é verídica? Ou é somente uma forma de justificar o que não se pode compreender? Como juras de amor, de admiração, de respeito e outras ligas que preenchem ligações de causar inveja podem ser eliminadas dando lugar a sentimentos cruéis de total impossibilidade de convivência entre seres que pareciam conectados por laços de aparência tão profunda?
Uma casa que é construída sem alicerces vai ruindo silenciosamente por dentro deixando ver apenas algumas rachaduras e manchas, as quais não são dadas a importância devida, tomando-se apenas medidas paliativas e quando menos se espera a casa cai, não deixando nenhuma parede de pé para lembrar o que um dia foi. Talvez seja esse o mistério das relações aparentemente sólidas que simplesmente são destruídas não restando nem uma memória para ser lembrada. Devem ter sido construídas sobre o nada e empurradas ao longo até que um dia não há nada para resgatar, nem os cacos e aí realmente não há como conviver, nem suportar.
Mas o que é que leva um ser a manter-se em uma relação com tal teor de fel que poderá estourar a qualquer momento deixando seu amargo que inundará as suas entranhas do existir? O que será que o leva a “construir” sobre o nada? Será que só após o desmoronamento, quando nada mais estiver de pé, é que irá dar-se conta que a casa nunca esteve lá? Ou talvez só existisse na sua imaginação e quando cansou de imaginar o nada tudo veio abaixo e virou pó?
São indagações difíceis, ou talvez impossíveis de serem sanadas, mas felinas que machucam e ferem na alma.
Conexões que nunca deveriam ter acontecido, na realidade nunca foram de fato conexões nem relações. No máximo um encontro mal elaborado entre seres que não tiveram, ou não quiseram ter, a visão do sentimento de que nunca deveriam ter existido e a levaram até minguar toda possibilidade do seu existir... Ou talvez até levaram-na a tal ponto para destruir o que sabiam no inconsciente que deveria acabar antes de começar, mas o consciente não teve coragem de admitir.

As verdadeiras conexões são as de alma que existem mesmo antes de começarem.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Você acha que passa pela vida impunemente?

Há aquele que pela vida passa e a vive nas entranhas do viver e há aquele que a vida passa por ele sem nem dele precisar para viver.
Viver não deve ser um apenas percorrer pelo caminho com objetivo insano e fixo de atingir o alvo sem nem ao menos desfrutar do percurso e só o objetivo mirar.
Há quem pense que não há meio, somente inicio e fim e assim vai respirando até o dia que não houver mais forças dando a tarefa como finda e cumprida. Acabada sim, cumprida talvez, mas sem emoção com certeza.
Não há como viver sem sofrer, amar sem chorar, levantar sem cair. Viver sem causa não é viver é sobreviver ao tempo e esperar para morrer.
Viver dói, dá trabalho quando há vontade de não apenas respirar e sim sentir o ímpeto das batidas do coração e sufocar com a emoção do estar e do sentir.
Ser amado, odiado, agraciado, desprezado... enfim, sentir os reflexos de pertencer a vida na integrar do existir, registrando a busca, trilhando o caminho e não só querendo chegar é o preço de quem pela vida passa e não simplesmente deixa que ela passe sendo somente uma breve lembrança no dia que nada mais houver por fazer.
Não é preciso agradar a todos... ou talvez a ninguém, o que preciso é, é ser, é viver, e como fazer isso emaranhado em uma manta de anestesia do prazer das sensações do existir? Quem quer proteção não quer viver, quer sobreviver, por que viver é desprotegido é perigoso... Não se vive não sendo e só se é quando se vive.
Não tem como imaginar a sensação da chuva sem nela se atirar e por suas águas se deixar molhar.
Como viver uma vida por trás da janela vendo o sol nascer sem sua energia sentir por medo do queimar do calor que emana?
Viver impune encobre ou protege? Quem impune pela vida passa desfruta da segurança do viver sem riscos ou a da frustração do desconhecer a emoção do viver?
Vale chegar ao fim sem pelo meio ter passado? Vale não fazer, para não ter que errar? Vale não viver para não sofrer?
Quem impune pela vida passa, tão impune e vazio estará, que viverá a vida em preto e branco sem nem ao menos um cinza conseguir criar.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

O que fazer quando a vida nos empurra para a beira de um abismo?

Há momentos na vida em que tudo parece desandar, como se uma avalanche fosse em direção ao abismo empurrando tudo pela frente e só restassem duas opções: - pular para o outro lado na tentativa de escapar, mesmo a custa de alguns arranhões, - ou em um gesto heróico segurar o turbilhão na esperança de que nada se quebre, mesmo com o risco de quebrar quem tentar herói ser.
O que fazer quando não há mais nada por fazer? Insistir? Tentar? Para que? Para esgotar o querer? E mudar, deixar ir, virar a esquina e alterar o rumo? Talvez o que tenhas que fazer quando não há mais nada por fazer é simplesmente não fazer. É começar outra história e jogar a velha fora, mesmo que incompleta.
Jogar fora pode ser a solução para várias situações pendentes e gastas guardadas dentro de um ser, como um armário velho lotado de coisas sem serventia. É preciso fazer espaço para novas emoções, renovar as energias.
Não tens que zerar todas as contas para dá-las como quitadas, deixe de pagar algumas, esqueça-as. Há dívidas que sabes que deves, mas não a quem deve, então não pague. Não se deve a quem não se conhece.
A avalanche pode ser real, mas não há a obrigação de cair no abismo para o qual ela empurra, há sempre a opção de pular e escapar.
Sempre há uma saída, mas tem que se ter a capacidade do querer para conseguir ver e sentir.
Pode-se não se ser capaz de tudo resolver e conseguir, mas sempre se pode ser capaz de resolver o que é possível de ser resolvido, sem que para isso tenha-se que ser perfeito. A perfeição é a imperfeição dos que a querem, é a angustia de quem a persegue, pois nunca irão alcançar e nem ao menos saberão disso.

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04-02-2011

Ter orgulho de si

A culpa, não se sabe bem por que e de que, por muitas vezes não permite que se tenha coragem de admitir ter orgulho de si mesmo. Como se isso fosse afrontar aos outros ou demonstrar alguma espécie de arrogância.
Antes de poder admitir sentir auto apreço há uma necessidade de quase pedir licença ou até mesmo desculpas de se estar orgulhoso de algo que se fez ou simplesmente do próprio ser. Mas por que tamanho desconforto em querer dividir com o mundo a satisfação de estar feliz e satisfeito por algum feito? Só por que o elogio, ou reconhecimento não é para um ser alheio? Se o fosse estaria livre das críticas? E essas críticas, de quem são?
O que será que pensas de tão duro que o impede de se sentir virtuoso e importante? Por acaso achas que não mereces ou que não podes merecer? São tantas as perguntas, dúvidas que poderíamos ficar aqui eternamente e nada concluir, mas o que realmente importa é se sentir livre para SE SENTIR.
Ele andava livre pelas ruas e via.  Via uma multidão de seres apressados correndo de um lado para outro sem ver nada nem ninguém. Ele estava perdido na multidão, ninguém o via, mas não importava, ele se via e se sentia o centro, o centro das suas atenções e prazeres que era o que realmente lhe importava. E assim seguiu feliz no meio da multidão sem ser visto...
A opinião sobre ti que mais importa é a tua. És tu que terás de absolver-te para poder sentir o que bem quiseres sobre ti. Pois a condenação é tua e de mais ninguém, a mão pesada sobre tua cabeça é a tua própria, só tu poderás tirá-la.
Tu és o teu próprio juiz e feitor. Do mesmo modo tens que ser teu maior admirador e incentivador, se não o fores ninguém o será por ti. Ficarás preso ao eterno julgamento com veredito definido sem direito a apelação. Faça concessões por ti, permita-se.
A vida dá as oportunidades a quem quer tê-las, a quem nelas acredita e por elas lutam sem receio e tempo. Os riscos não são para serem medidos, são para serem sentidos e vividos, fazem parte de toda grande conquista. No final de uma guerra vitoriosa, sempre ficarão as marcas dos desafios ultrapassados, que causaram a dor, mas que a apoteose levou o ser que pelo o objetivo lutou.
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28-01-2011

Quanto mais se sabe, mais se descobre que há muito por saber.


"Quando a gente pensa que tem todas as respostas, vem a vida e muda todas as perguntas."   (Luís Fernando Veríssimo)
Quanto mais se aprende e se desvenda os labirintos dos saberes da vida mais se descobre que há mais a ser explorado e sabido pelos embrenhares do desconhecido.
A vida é feita de escolhas e a cada minuto se faz necessário a tomada de decisão por um dos lados... ou pode-se ficar parado caso se julgue que tudo se sabe e por medo de descobrir que nada se sabe cessem as perguntar e as respostas um dia obtidas são tidas como definitivas elas fossem e nada mais se queira saber.
A cada dia despertado, um mundo novo se apresenta e com ele novas dúvidas, anseio, descobertas, frustrações e conquistas. E a vida vai vivendo e as perguntas se perguntando.
Se pararem de serem feitas, as perguntar, a vida para de viver, sem que para isso o ser precise morrer. Simplesmente continuará a respirar, o coração a bater, mas deixará de sentir, de ser.
As perguntas não são o incomodo, as respostas que são o fim. E para continuar, tem que se perseguir a vida a perguntar, não importa se existirão as respostas, o que prevalecerá é busca que não se encerra a cada encontrar, simplesmente se renova por um novo buscar.
Quanto mais perguntas, mais vida e vigor haverá em sinal que o mundo continua a girar renovando e fortificando as energias de quem a ele pertence na essência do existir.
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20-01-2011

A mente em desalinho com o corpo.

O que pensar quando a mente anda em sentido oposto ao do corpo?Quando não acompanha o estado da carcaça que a abriga?
O corpo pode ser são e conter uma mente carente de lucidez ou vice versa.
É dito como virtuoso o ser que possui uma mente sã independente do estado de seu corpo. Mas será que é realmente bom para o próprio ser ter consciência de tudo que se passa quando seu corpo já não mais atende suas vontades e desejos? Quando a mente assiste ao mundo como a um filme que não pode mais atuar a não ser como mero apreciador?
A mente é capaz de viver independente do corpo e também o corpo vive sem ela. Um coração pode continuar a bater, as pernas a andarem o levando a lugares com auxílio alheio sem que para isso precise ter conhecimento do que se passa. Da mesma forma que a mente pode observar o mundo sem que seu corpo possa dele desfrutar.
Até que ponto esse descompasso traz algum proveito para o hospedeiro das duas metades de um ser, corpo e mente?
Podes sentir o coração bater e a respiração ofegar pela mente que corre pelos campos que as pernas não são capazes de percorrer. E o corpo comer o doce que a mente não sente o sabor. São como dois seres distintos um fazendo o outro sentindo, um sentindo o outro fazendo, e os dois vão vivendo sem o discernimento da capacidade de concatenar o sentir um do outro.
Talvez a verdadeira dádiva seja um apagar quando do cessar do outro. O desencontro das capacidades pode trazer a angustia da consciência da falta do outro.
Por onde será que migra uma mente em aparente inércia? Será que está fora do mundo? Ou dentro de um que só a ela pertence? Quem será capaz de conhecer todos os cantos e labirintos que o pensamento pode ter e percorrer?
Se fosse possível traçar o mapa da imaginação e os caminhos pelos quais percorre entenderias os mistérios abrigados? E aí? Será que talvez o melhor não seja permanecer na tão por vezes sábia ignorância do que no tão almejado saber? Afinal desvendar para que e por quê? Melhor sentir do que saber. Melhor ser do que fazer. Só sendo é que se sabe o que é ser.
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06-01-2011

O ano novo

O ano novo!!!
O frenesi dos últimos dias de um ano é tamanho que parece que se trata do fim de uma era. Como se nas badaladas da meia noite do dia trinta e um de dezembro o mundo fosse simplesmente acabar levando com ele tudo de ruim e ao primeiro minuto do dia primeiro de janeiro surgisse um novo tempo perfeito em de acordo com as expectativas de todos.
O que será que faz as pessoas sentirem que tudo pode ser diferente simplesmente pelo fato do fim de um ano e início de outro? Será que existe a idéia de que possa haver uma combinação cósmica dos astros que fará o mundo girar diferente liberando alguma substância capaz de mudar o que não possam fazer por si só? Pode ser. Mas o que fica esquecido, ou talvez não lembrado, é que a cada dia nasce uma nova oportunidade de fazer acontecer. Não é preciso esperar o primeiro de janeiro.
O ano novo tão comemorado e saudado não acabará com as dificuldades nem tão pouco trará o milagre das soluções. As esperanças não precisam se prender a ele. As respostas não virão com a mudança de calendário, elas estão dentro e não fora e não será a chegada de um novo ano que fará com que sejam encontradas.
A vida é mutável, não dá trégua, o tempo passa dolorosamente rápido podendo trazer a dor do desperdício das oportunidades não vividas, mas também a possibilidade de ser feito o que ainda não foi e de mudar o que não agrada. E assim a vida passa sem esperar, porém renovada e dando a mão a quem coragem e força tiver para correr sem esperar, por que ela não espera, ela vive.
O primeiro de janeiro é só mais uma etapa da jornada que se inicia a cada raiar do dia, mas não se acaba no anoitecer, apenas descansa para renascer no novo amanhecer. Feliz de quem sabe ver e sentir a oportunidade que a vida dá a cada minuto vivido. Mas quem tem que esperar o início de cada ano para começar a viver correr o risco de permanecer no eterno e angustiante aguardo, por que até resolver o que fazer o ano já ficou velho e terá que esperar pelo próximo.
O ser é verdadeiramente sábio quando vive cada minuto de seu tempo como se o último ele fosse, porém com a intensidade da durabilidade eterna.

“O passado é história, o futuro é mistério e o hoje é uma dádiva por isso se chama PRESENTE”. (Frase lida em um folheto da sala de espera de um dentista).
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30-12-2010

As histórias que as pessoas contam...

“As pessoas contam ao longo da vida, as mesmas histórias, boas ou ruins, de formas completamente diferentes.” (José Augusto Miranda)

As histórias contadas são construídas à medida que se passa pela vida e à medida que a vida passa vão sendo contadas de formas diferentes.

As histórias são perenes, porém mutáveis de energia. Eternas, mas não estáticas. Trazem ou deixam ver o momento de quem as conta, mas só para os que sabem escutar com o coração. Quem narra pode dizer uma coisa e quem escuta pode receber outra, cada um tem a sua energia e sentimento para dar e receber.

As histórias confessam o que os olhos da alma viram e sentiram de mais importante e marcante para aquele ser que viveu tal fato. São únicas e individuais, nunca se vive a mesma coisa duas vezes, nem igual a ninguém. Por mais igual que possa parecer, nunca será.
E únicas são na essência e na narrativa. Hoje podem ser contadas de uma forma e amanhã de outra, mas continuarão as mesmas histórias.

Os sentimentos mudam e a maneira de sentir as próprias histórias também. Quando se é criança, a inocência pode fazer ver as histórias menores ou maiores do que são. Mas à medida que se cresce os pesos sobre os fatos vividos podem mudar, e as mesmas histórias passarem a ser contadas de outra forma. Não por serem diferentes, mas por que se sente diferente. A dor de ontem, pode não mais doer hoje, o que faz feliz hoje pode não mais fazer amanhã. E assim a vida vai vivendo e contando suas histórias montadas ao seu longo com a narrativa do momento do conto.


O que é contado hoje só pertence ao hoje, pois hoje é hoje e nunca será ontem ou amanhã. O de amanhã só será se o amanhã o revelar e o de ontem já foi e não mais voltará.

Dentro e fora do mundo

Já pensaste se fosse possível sair do mundo e assistir-se dentro dele?  
Como seria ver o mundo e a ti mesmo como que a um filme sem poder interferir? E ver e sentir a verdade do que pensam e falam a teu respeito longe dos teus olhos?
Será que tudo que pensas que pensam de ti é verdade? Será que realmente representas para o mundo o que achas? Ou será que te vêem de uma forma que nem imaginas?
E quanto a tua postura de vida? Será que aprovarias? Irias gostar de ti? Sentirias admiração ou será que te reprovarias?
Pode ser um rico e cruel experimento sobre a vida, pois podem ser descobertas coisas que nunca se deveriam saber e outras que sempre deveriam ter sido sabidas. Enfim, é o jogo do desconhecido e como todo bom jogo é excitante e tem dois lados que não podem ser conhecidos até que se chegue ao final.
E como fazer após passar por tal experiência, ver coisas agradáveis outras não, descobrir a outra face de pessoas que julgavas conhecer a fundo e ter que voltar ao mundo real com a consciência de tudo que viu e sentiu sem nada poder revelar e fazer para mudar o que não gostou? Seria como gritar calado, um grito sufocado na garganta e abafado no próprio ouvido, falar com a mente o que a boca estaria proibida de pronunciar e os olhos de expressar. E quanto a tua própria imagem? Como conviver contigo caso não tenhas aprovado o que viu estando do lado de fora e se vendo dentro?
Como voltar a um mundo após tê-lo visto em suas entranhas, com todas as marcas e desníveis que não se é capaz de identificar quando nele se vive?
É uma operação sem anestesia e sem piedade. É sentir a dor na raiz, na origem e sem que nada possa ser feito para lhe dar algum alívio. É ver e sentir o que não se tem como evitar, nem como mudar. É mergulhar na escuridão da angustiante falta de controle sobre o incontrolável.
Os devaneios da mente podem levar-te as mais longínquas e desconhecidas ruelas da imaginação, mas o perigo é não quereres mais voltar, ou se voltares não suportares a consciência de que nada poderás fazer para mudar o que de fora viste e não aprovaste.
 (venda livro Tudo Na Vida É Passageiro:http://www.clubedeautores.com.br/search?what=bia+tannuri)
17-12-2010

Solidão

Quem ama a solidão não ama a liberdade” (Clarice Lispector).

A solidão aprisiona e sufoca. Por vezes pode vir com uma roupagem de proteção ou talvez de fuga, sabe-se lá. Mas na verdade quem se deixa agarrar por ela sente-se cada vez mais só e sozinho estará sem que ninguém possa fazer nada a não ser lamentar, até que esqueçam e sigam suas vidas e o deixem cada vez mais só e preso, preso em si mesmo a procura da porta que nunca encontrará até o dia que sozinho ficar. Ser só não é um querer, é um estado.
A solidão tem seu brilho, mas é preciso olhar pelo lado certo e medir o tempo certo para não deixar que ela se embrenhe pelas entranhas e não se possa mais libertar.
Ser só não é um querer, é um estado, que pode passar ou não.
Há o tempo de ser só e o tempo de se estar só.
Solidão não se divide se acumula.
A solidão não é a porta, é o muro duro e frio. Quem por ele passar o oásis encontrará e beberá a mais pura e fresca água, a que sacia a sede da alma de ser acalentada.
A solidão é fria, dissimulada, paciente, sem pressa. Afinal pressa para que? Não há nada a ser descoberto nem conquistado. A solidão é só.
A solidão é escura, sem cor, sem meio, sem razão... Ou será que tem finalidade? Mas e se tiver? Será que quem está só consegue desfrutar de seus benefícios ou simplesmente se afoga em sua escuridão?
A solidão pode ser um caminho? Talvez, mas tem que se saber trafegar por ele para não perdido ficar e sozinho acabar.
A solidão tem seu encanto e seu canto que inebria e vicia, mas também tem seus espinhos ferinos e solitários que ferem e sangram o ser ávido por estar e não apenas ficar.
        
Ser só ou estar só? Pode-se ser só sem que se esteja só?

 (venda livro romance Tudo Na Vida É Passageiro:http://www.clubedeautores.com.br/search?what=bia+tannuri)
10-12-2010

Os Desafios

Os desafios em um primeiro momento causam certo temor, desconforto, pois por natureza nunca se apresentam de uma forma fácil, amena. Parecem gigantescos e realmente são para quem desiste deles antes mesmo de conhecê-los, de saber como são e desvendar como superá-los.
É bem verdade que dá trabalho, mas com certeza há uma sensação de pura satisfação quando se consegue dizimar os não amigáveis desafios e chegar ao tão desejado objetivo.
Pode-se tudo quando realmente se quer, se acredita, se deseja... e por aí vai, a lista dos porquês é interminável, do tamanho dos porquês de cada um e só quem os têm pode responder quais e quantos são.
Desafios parecem exercer atração, pelo menos para alguns, para os que têm como meta atingir seus ideais. E para o mesmo grupo liberam uma espécie de substância estimulante fazendo com que as dificuldades, a serem enfrentadas pelo caminho, sejam amenizadas pelo doce sabor do objetivo a ser alcançado, nada poderá tirá-los do deleite de viver esse momento.
Uma vida sem desafios pode até ser mais fácil, mas também sem emoção e sem a tão estimulante conquista da superação. Seria como viver na bolha, que protege tanto da dor como da alegria e da esperança de continuar tentando sem nunca desistir de acreditar no amanhã. Não se teria o que esperar, tudo seria previsto, podendo-se até viver de trás para frente, morrer antes de nascer, não haveria nada a ser desvendado. Uma vida em preto e branco. Mas o mundo não é colorido? Quem poderia querer viver em um mundo sem cor? Quem tem medo da vida, por isso a prefere sem desafios e consequentemente sem prazeres a serem descobertos, sem ser vivida, sem ser sentida. Uma sobrevivência, não uma vida.
Quem vive, sobrevive. Mas quem só sobrevive, será que vive?
Os desafios valem o desafio de viver ou só nos basta sobreviver?

(venda livro romance Tudo Na Vida É Passageiro: http://www.clubedeautores.com.br/search?what=bia+tannuri)
02/12/2010.

O Elevador

Acionou por várias vezes o botão do elevador em uma ilusória sensação de que poderia trazê-lo mais rápido, estava aflito. Enfim o bendito chega como um vagão de trem da central às seis da tarde, lotado. Quando a porta se abre quase desiste de entrar ao ver todos os olhos voltados para ele em sinal de quase desespero, como que estivessem dizendo: - ai não mais um? Mas estava atrasado e se aperta entre os demais. Os olhos dos ocupantes da nave rapidamente retornam para o chão em igual movimento do novo integrante que em um esforço consegue emitir um bom dia entre os dentes que mal dá para ser ouvido. A viagem segue, parando de andar em andar para aumentar o sofrimento dos que não conseguem se encarar. As cabeças ficam tortas na tentativa de evitar o tão difícil olho no olho, tarefa quase impossível dado a falta de espaço, e segue a viagem. 

Assim se dá um dos constrangimentos mais constrangedores que um ser humano enfrenta por pura incapacidade de comunicação e de suportar a proximidade com o outro por medo sabe-se lá de que.

Parecem seres enjaulados que não conseguem encarar uns aos outros como que temessem terem seus segredos descobertos através do olhar. Lutam desesperadamente para não cruzarem os olhos com o adversário que está ali ao lado, tão perto que dá para ouvir a respiração, porém não suportam o olhar. 

Os minutos passados dentro daquela maldita caixa que sobe e desce transformam-se em horas intermináveis até que o andar desejado chega, a porta se abre e os ocupantes saem quase que correndo como que libertos. Mas libertos de quem? De pessoas que simplesmente dividiam um espaço por ínfimos minutos? O que é isso? Por que a proximidade constrange tanto as pessoas, por vezes, tornando-as até mesmo mal educadas incapazes de emitir um simples cumprimento?

Encarar o semelhante remete a que? Do que se está fugindo quando se evita o olhar do outro? Do que talvez se possa ver ou descobrir no reflexo do olhar alheio que não se queira ou que não se é capaz de suportar? 

Quando se olha nos olhos, no fundo deles, muitas vezes nem é necessário que haja a verbalização da palavra, o entendimento flui de acordo com a capacidade da energia de transmitir. 

Os olhos falam, não mentem, não calam, não escamoteiam. Quem os encarar não tem como não se deixar ver por dentro. Quem os encarar não precisa falar com a boca, eles falam por si só.

E seguiu olhando para o chão dos andares que o elevador da vida o levou sem a capacidade de levantar a cabeça e olhar de frente para os que o rodeavam e por muitas vezes perdeu a hora que deveria saltar e ficou indo e voltando, subindo e descendo até que não sabia mais qual era o seu andar e não mais fazia sentido sair ou não do elevador. E tudo isso pela simples incapacidade de olhar no fundo dos olhos e descobrir. Coitado dele. Está subindo e descendo sem ter aonde ir. 

Coitado dele...


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26/11/2010.

Eu estou na minha foto...

São tantas as pessoas, situações, tarefas... Enfim a lista das preocupações é grande, tanto que não sobra espaço para a peça mais importante, a que deveria ocupar o topo da lista, mas por vezes acaba não ficando nem com as sobras.
...E como todos os dias lá estava você relacionando tudo o que fazer e por quem fazer quando de repente, como que um raio alucinógeno pisca em sua mente uma imagem. A princípio pequena sem forma e após um esforço para tentar idendificá-la ela vai se tornando mais nítida, tomando corpo e como que pego de surpresa você consegue ver claramente. É você que está lá, um pouco perdido no meio de toda aquela multidão de seres que você julga aguardarem pelo benefício da sua ajuda. Mas como pode ser? O que estaria você fazendo do outro lado? Você fica desconfiado, olha várias vezes, mas não há dúvida, é você mesmo que está lá. E aí em um momento misto de desespero e satisfação vem a constatação acompanhada de uma grande indagação da vida: Eu estou na minha foto! Eu também preciso de mim?
É isso. Alguma vez já conseguiu se ver na sua foto? Já se incluiu na lista das prioridades da sua vida? Ou está na de supérfluos, na que pode ficar sempre para depois de tudo e de todos? Já se perguntou o quanto você precisa de você e o quanto pode fazer por você? Não precisa responder agora.
A foto é você quem tira, é você quem escolhe as pessoas que vão fazer parte dela. Incluir-se ou não é tarefa que só cabe a você. Difícil decisão fantasiada de fácil. Mais uma dessas pegadinhas que a vida prepara para testar a tão sábia e escorregadia ciência do saber viver.
Mas as fotos podem ser descartadas, feitas novas. Ou podem ser guardadas as velhas e tiradas novas, nada impede é só querer. Um álbum é composto de várias delas que retratam diversas fases e nem sempre todos estão em todas, mas o importante é que todos que importam estão na foto que importa estar.
As fotos da memória são as lembranças da vida que por muitas vezes não fotografam a peça mais importante, você. Simplesmente porque você não estava lá, viveu o momento só de corpo e não de alma, respirou, o coração bateu, mas não sentiu. Não dá para voltar no tempo, mas sempre há a possibilidade de tirar uma nova foto e escolher um ângulo melhor, aquele que foca realmente em quem interessa.
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19/11/2010.

O Espelho

Olhar para o espelho e ver, é provável, mas enxergar... Talvez.
Nem sempre que se vê, se enxerga.
Olhar-se no espelho é uma procura, uma viagem que pode levar a lugares nunca vistos ou sentidos. Pode ser que encontres o que não pretendes.
E de que espelho é esse que falas? Do espelho da alma que tudo vê e tudo enxerga sem que os olhos possam controlar. Desse espelho ninguém pode fugir, está cravado feito rocha no subconsciente.
Esse espelho reflete a alma e suas marcas que os olhos não vêem, mas que o coração sente e por elas batem e borbulham o sangue quente que dá vida ao corpo. Ele inverte a imagem de quem o vê, mas não de quem o enxerga.
Olhar para ele, o espelho, e tentar sentir através do túnel dos olhos os sentimentos guardados e talvez até desconhecidos pode levar a caminhos sem volta, mas também de grandes descobertas. Quem arrisca?
O espelho da alma pode mostrar algo que não se quer ver, mas de que não se pode fugir. Pode-se até fechar os olhos, mas continuará lá, refletindo e espalhando a imagem que uma vez gravada não se apaga jamais.
Olhou-se no espelho tão profundamente que nunca mais voltou, ficou lá preso nos reflexos dos sentimentos ora invertidos, ora foscos, ora brilhantes, ora, ora... enxergou-se. Mas quem? Quem é esse? És tu, ou talvez aquele teu outro eu, que se desprende de ti quando queres entender algo que não consegues contar a ti mesmo. E ele ficou lá olhando o mundo através do espelho e gritando para ser ouvido e visto, só que gritou pouco, pois ninguém o ouviu. Tire-o de lá, liberte-o.
O espelho pode levá-lo, mas terás que voltar por si só, ninguém poderá ir buscá-lo.
Cuidado... através dele, do espelho, poderás ir até lá no fundo, bem fundo e encontrar a ti mesmo. E tão profundamente estarás que correrás o risco de não saberes quem és e perderes o caminho de volta. Mas talvez não seja mau. Como não ser mau se posso não voltar? Ficarei perdido? Talvez seja isso que procuras. Talvez precise se perder para se encontrar. Já pensaste nisso?
Entrar no espelho da alma pode ser perigoso ou estimulante? Escuro ou misterioso? Uma procura ou um devaneio? Achar-se ou perder-se? Ah... seriam tantas as formulações e nenhuma teria resposta, ou pelo menos uma só resposta, porque cada um tem as suas tão vastas quanto os reflexos que podem provir do reluzir do espelho que reluz o mistério de cada mente que por ele passa e entrar.
Já se olhaste no espelho hoje?

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11-11-2010

Não fuja de seus sonhos

Quando eu tinha uns 14, 15 anos, não sei bem, faltei deliberadamente à aula justamente no dia que iria ser feita a escolha dos membros para compor o grupo de teatro do colégio. Nunca contei isso a ninguém e passei anos para entender o porquê fiz aquilo tendo em vista que naquela época fazer teatro era tudo o que eu queria, era o meu sonho.
A história acima é só para dar pano de fundo ao tema que parece contraditório. Afinal por que fugir quando temos a possibilidade de realizar algo que queremos muito? Por medo de conseguir?  Uma vez escutei alguém dizer que devemos pensar bem no que pedimos, pois corremos o risco que o desejo se realize.
Pode ser que realmente possamos ter medo de alcançar o que almejamos e depois não saber o que fazer com a conquista. Mas acho também que tem haver com não se achar capaz de atingir o que se quer o fato de recear o tão sonhado desejo. O medo é tão grande, muitas vezes até maior do que o próprio sonho, que quando se chega perto se foge pelo temor de ter que enfrentar a decepção da possibilidade de não conseguir. Mas com isso, é desperdiçado o tão valoroso prazer advindo da  conquista que também poder acontecer.
Fugir dos sonhos é enterrar a criatividade pela vida. Pensar que a vida tem que ser feita de coerência e previsibilidade é apenas uma maneira de sufocar os desejos que não se tem coragem para perseguir. É mais fácil fingir que não os tem do que ter que enfrentar a dor de por vezes não poder realizá-los, mas é muito mais difícil viver sem eles e passar uma existência em preto e branco ditada pela lógica da exatidão do que pelo colorido da vulnerabilidade do sonhar.
Fugir dos sonhos é um boicote ao próprio ser, é mentir para o espelho, é um jogo que só há perdedor porque o roubo é de si próprio e não há a quem dar o produto do ato. E solitário o ser assiste o triste prejuízo do esvair pelos ralos dos sentimentos a esperança de poder ter o almejado desejo vivido nem que por um único segundo, mas vivido.
O medo do sofrer anestesia a dor, mas também o prazer. O sonho é a parte da vida disfarçada de frágil, que só os que não têm temor pela emoção conseguem entender.
O sonho é o alimento da alma que energiza as mentes que se permitem a ousadia de serem felizes.
 Não fuja de seus sonhos.
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05-11-2010

Simplesmente seja

“...A mais premente necessidade de um ser humano era tornar-se um ser humano.” (Frase do livro –UMA APRENDIZAGEM OU O LIVRO DOS PRAZERES- de Clarice Lispector).
O ser humano tem em seus desejos mais profundos e complexos o mais singelo deles que é o de simplesmente existir e ser. Um ser que acerta, erra... que vive e morre depois de viver, que começa e acaba, que não é eterno nem perfeito, é. Não sei se foi isso que Clarice quis dizer em seu tão peculiar jeito clariciano de ser, quando escreveu a frase acima, sinceramente não sei, mas foi isso que eu entendi e que me fez pensar. Pensar que tudo pode ser mais fácil, ou talvez menos difícil, se entendermos a nossa verdadeira essência de seres humanos que simplesmente são e não robôs programados para fazer e não ser.
Por mais absurdo que possa parecer, é muito difícil simplesmente ser, é mais fácil fazer. Ser possui risco, mas também há emoção, há prazer e também desprazer, mas acima de tudo há vida. E afinal para que fomos feitos se não para viver?
Ser é como entrar no mar de olhos fechados e se deixar levar pela maré. Assustador, não? Certamente, mas muito mais emocionante do que nadar com rumo certo.
A vida não é feita para ser segura, se o fosse não seria viver. Então por que passamos a vida em busca de uma segurança que ela não pode nós dar? Talvez para amenizar os riscos que ela traz. Mas com isso murchamos um pouco as emoções que ela pode nós dar.
A medida que amadurecemos perdemos a espontaneidade de viver pelo simples viver e vamos nos transformando em robôs humanos. Será que o ideal seria nascermos velhos e “encriançar” com o passar do tempo no lugar de envelhecer? Impossível, uma utopia, não? Mas, não deixarmos que nossos sentimentos envelheçam com o corpo, percam o frescor e o viço pode ser possível. Não é fácil, mas plausível e com certeza altamente gratificante para o SER que consegue e assim atinge a plenitude da maturidade com a alma e a pureza do sentimento juvenil que nada tem de frágil e sim de voraz a medida que é capaz de enxergar o mundo pela ótica do simplesmente viver e somente ser.
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28-10-2010

Recomeço

Recomeçar pode ser equiparado com nascer, os dois representam mudança de fase e igualmente doem.
O nascer nos tira do aconchego do útero materno nos arranca da proteção para sermos atirados a luta pela sobrevivência em um mundo de milhões a cata do seu lugar ao sol. Talvez por isso o choro ao nascer no lugar do riso, talvez até com dor e vontade de agarrar aquele cordão que se esvai de tão pequeno corpo sem que nada possa ser feito. Mas, caberá a ele, o novo ser, o desafio de conseguir encontrar o seu lugar e a plenitude da vida fora daquela barriga e amar o seu novo mundo tirando dele tudo o que puder para ser feliz.
Recomeçar é como um nascer de novo, uma nova chance, é encerrar uma fase e dar inicio a outra. Tem que ter coragem e tem que querer para não correr o risco de ficar no meio do caminho, no umbral, só se lamentando tentando se curar das feridas e não dar o próximo passo.
Recomeçar dói, pois é um descobrir. É um andar no escuro com a promessa de achar o paraíso. Tem que acreditar e seguir. As respostas não estão prontas, pois cada um tem a sua pergunta. Não tem ensaio é ao vivo. E se não der certo? O recomeço já é o dar certo. Cada dia é um recomeço, é uma oportunidade de fazermos o que ainda não fizemos ou refazermos o que fizemos e não gostamos.
A cada recomeço as esperanças se renovam e as energias se refazem. Recomeçar é viver é nascer a cada dia. É ter oportunidades ainda não vividas. Cada dia é um dia e cada oportunidade é única, nada nunca será igual, por mais parecido que possa ser.
Recomeçar é divino, e sábio é quem consegue ver e viver cada momento desta tão valorosa oportunidade que só a vida é capaz de dar aos que realmente sabem viver.
Recomece sempre, sempre há tempo. Não pense, comece seu recomeço.
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21-10-2010

Liberte-se

Liberte-se...
Parece fácil falar, eu sei. Fácil e confuso, afinal se libertar de que? De quem? Poderiam existir várias respostas para essas perguntas, tantas que não seria possível registrar aqui, mas há uma e somente uma que eu julgo ser a mais importante... Liberte-se de si mesmo. É isso... nós somos nossos próprios feitores e senhores, a nós e a mais ninguém devemos aquelas dívidas impagáveis que não sabemos nem quanto nem a quem devemos, só sabemos que devemos e por vezes ficamos a vida inteira tentando pagar e morremos com ela, pois não há um credor, só há o devedor... nós.
Liberte-se...
Dos medos, das culpas... olhe-se no espelho e diga que não lhe deve nada, não é o mundo que quer as respostas, é você. E se não consegue responder, é porque as respostas não existem, portanto pare de perguntar e viva.
Liberte-se...
Do que você acha que te prende... olhe em volta, procure as correntes, a cela, os guardas... não vai achar, pois você é seu carrasco e a sua vitima.
Liberte-se...
Do domínio do ter que fazer certo, do ter que agradar ao mundo... procure na platéia quem está com a feição de descontente ou contrariado e não vai achar, porque é a você que você desagrada e não satisfaz com a eterna síndrome do ter que fazer certo e para todos. Pare e faça para você por você, certo ou errado, mas faça, não para o mundo, mas para você.
Liberte-se...
Erre um pouco, ou muito, mas viva sem achar que está eternamente na infeliz corda bamba de ter que agradar a todos. Não queira ser Deus... nem ele conseguiu.
Liberte-se...
Da vontade e/ou necessidade de ter que se sentir ou ter que se mostrar forte e perfeito, seja gente que erra, acerta, erra... que vive.
Liberte-se...
Das amarras que só você vê e sente, porque foi você que as colocou por isso só você e mais ninguém pode tirá-las.
Não espere que o mundo lhe entenda quando nem mesmo você consegue, não aguarde as respostas se não faz as perguntas, não almeje o impossível quando não é capaz de entender o possível, não procure longe antes de olhar ao lado.
Liberte-se...
01-10-2010

A Morte

Nos últimos tempos tenho pensado muito sobre a morte, mas venho adiando escrever sobre ela. Talvez pelo receio do impacto que pudesse causar ou por temer encará-la, não sei. Porém hoje resolvi colocar meus fantasmas sobre o assunto para fora e para minha surpresa ao começar este texto me peguei com a vontade de escrever não sobre a morte terrena da matéria, como era meu desejo inicial, e sim sobre a morte dos valores. Foi como se de repente tivesse me dado conta de que a morte terrena não fosse tão “dolorosa” e “lamentável” quanto a dos valores, não que não faça sofrer, mas por mais dor que possa causar temos que admitir ser natural, previsível, na verdade é a única certeza da vida. Mas a dos valores não é dessa forma, além do que eles, os valores, podem ser ressuscitados.
E refletindo sobre o assunto me pergunto o que está havendo com o mundo dito, moderno. Será que a tecnologia esfria as pessoas e as tornam seres insensíveis, capazes de não enxergarem seus deveres e passarem por cima dos direitos alheios? Por que os valores andam em sentido oposto ao da modernidade e praticidade? Será que temos que voltar no tempo para termos nossos valores de volta?
Lembro com saudades da época em que ter educação era algo normal, as pessoas, mesmo sem se conhecerem, davam bom dia no elevador, pediam licença, diziam obrigada(o), davam lugar aos mais velhos espontaneamente, enfim eram educadas por natureza e não por obrigação. Hoje em dia nos chama a atenção quando deparamos com alguém assim. E o que dizer dos valores como respeito, solidariedade, ética e outros mais que parecem que vivem a era da extinção.
O que é que está havendo? Não sei, mas tenho certeza que não é natural e que pode ser mudado. Não é por que todo mundo estaciona o carro na calçada que vamos fazer o mesmo, por exemplo. Por que é que temos a tendência de sermos persuadidos a seguirmos maus exemplos? Será que é por falta de punição? Ou por falta de consciência? Ou das duas coisas?
 
O que me consola é acreditar no poder de superação e recuperação do ser humano. Acredito que é possível, não reviver o passado, mas aflorar a consciência para uma ressurreição... não, pensando melhor, para um acordar dos valores, pois creio que eles não morreram, mas podem ter adormecido ou estarem esquecidos em um canto qualquer da consciência e podem ser despertados.
Cabe a cada um ter a real noção do que são os valores e quais são. Pode–se até aprender sobre eles, mas não há como exercê-los se não temos por nós mesmo um dos valores mais importantes que é o respeito.
(Venda do livro Tudo Na Vida É Passageiro através do site clube de autores: http://www.clubedeautores.com.br/search?what=bia+tannuri)
01-10-2010

O Medo, as dúvidas...


O medo por muitas vezes, na maioria das vezes, trás insegurança a quem sente. Ele por si só já vem com uma carga de comprometimento negativo de que não deveria existir. Sentir medo é visto como fator negativo, depreciativo, característica que diminui e enfraquece.
Mas por quê?
Talvez pelo medo (olha ele aí de novo) de assumir que ter medo é mais humano do que parece e não denota fraqueza e sim coragem de assumir que se tem. Por tanto, medo e coragem andam juntos por mais contraditório que possa parecer. Quem assume seus medos no fundo é um grande corajoso.
As idéias de ter medo e errar se confundem. Ter medo não é estar errado. Não que errar seja condenável e inconcebível. Errar também faz parte da vida, mas isso é outro tema que abordarei futuramente.
Ter medo é um sentimento como outro qualquer e como tal não tem que ser escondido ou sufocado, tem que colocar para fora. Não dá para sentir medo de sentir medo. Corre-se o risco de ficar preso em uma teia sem saber por onde entrou e nem por onde sair, o que é pior.
Medo pode estar relacionado com instinto de defesa ou ao desconhecido. Tudo que ameaça ou que não se conhece causa receio e medo. O que há de mal nisso? Acho que grande parte da resistência de admitir o medo vem da idéia de que temos que ser seres fortes, prontos para enfrentar tudo e todos. Triste de quem assim pensa, vai passar a vida toda sentindo medo de admitir que tem medo e sem saber como fazer para viver sem medo. Uma verdadeira ciranda do medo pelo medo sem fim.
A dúvida é outro tabu que se tenta fingir que não existe. Mas o que se esquece é que da dúvida vem à luz, quando ainda nem a dúvida se tem é porque nada se tem. E enquanto se tem dúvida se tem medo. À medida que o esclarecimento vem o medo se vai.
Quem nunca sentiu medo ou teve dúvidas ainda não viveu, está parado na linha de partida achando que tudo sabe, mas na verdade nada sabe. O que seriam das certezas se não fossem as dúvidas e os medos que se passam para chegar até elas.
Ter dúvidas é estar vivo a procura de algo que quando se encontra se está pronto para uma nova procura que será repleta de medos e de mais dúvidas. Isso é viver.
 (Venda do livro Tudo Na Vida É Passageiro através do site clube de autores: http://www.clubedeautores.com.br/search?what=bia+tannuri)
23-09-2010

Você sonha ou você delira?

Você tem seus anseios, não tem? Aqueles desejos profundos... E para conquistá-los, o que é que você faz?  Tudo que estiver ao seu alcance de forma lícita? Se você respondeu sim, então você SONHA. Agora se você acorda todos os dias de manhã, olha pela janela achando que vai ver no céu azul o trenó do Papai Noel chegando repleto com tudo o que você diz que tanto quer... Então você DELIRA.
Sonhar é sem dúvida um poderoso elixir para as conquistas da vida. Mas se nada fizermos para atingi-los ficaremos somente presos a desejá-los como se fossem surgir do saco mágico do bom velhinho e aí sim, corremos o risco que nossos sonhos se transformem em delírios de uma mente sem capacidade para sonhar.
Não basta só mentalizar e desejar. Tem que fazer acontecer, fazer por onde. “Deus ajuda a quem cedo madruga.” Já ouviu isso? Pois é.
Acho que sonhar tem que ser como respirar, mas da mesma forma não é tudo. Não basta respirar e não comer, por exemplo. Sonhar é um alimento que aquece a alma, mas sozinho não sustenta o espírito. A vida carece de mais. Necessita de atitudes que façam valer a pena viver cada dia com todas as adversidades que certamente vão estar presentes.
É uma lástima quando permitimos que nossos sonhos se transformem em delírios, é jogar fora o viço da vida.
Ninguém pode sonhar por ninguém, cada sonho é próprio, tem DNA. Da mesma forma suas realizações dependem de quem os têm. 
Para ser um sonhador, basta acreditar que se é capaz e ter coragem de assumir os riscos de tomar as atitudes certas, no momento certo, em prol de um objetivo mesmo se o mundo lhe julgar um louco sonhador.
Melhor ser um louco sonhador do que um concreto e respeitável devaneador.
E você afinal, sonha ou delira?
Venda do livro Tudo Na Vida É Passageiro através do site clube de autores: http://www.clubedeautores.com.br/search?what=bia+tannuri)
16-09-2010

Quantos eus existem em cada eu

Cada ser pode ser habitado por vários eus, por várias formas de pensar e de sentir.
O que estou falando não tem nada haver com as teorias de múltiplas personalidades, não. Estou me referindo as diversas faces da mente, das inúmeras sensações que possuímos que por vezes parece ser impossível que vivam em um mesmo ser, mas vivem.
Temos vários lados desconhecidos, até o momento em que damos de cara com eles e chegamos a ter a sensação que não se trata de nós e sim de um ser alienígena que tomou pose de nosso corpo. Podemos passar a vida sem ter essa noção ou simplesmente fugindo dela.
Lembra do amigo imaginário que falam que todas as crianças têm? Sempre ouviu isso, não é? Eu também e acreditei até hoje. Mas agora acho que o tal ser invisível nada mais é do que o nosso outro lado lutando para ser ouvido. Quando se é criança e ainda não se está contaminado pelas restrições terrestres, não se tem receio ou até pode-se dizer medo de deixar que os diversos lados de um mesmo ser possam conviver. Mas a medida que se cresce nos é dado o dever de escolher um único lado para ocupar o posto oficial e o outro ou os outros são obrigados a se esconderem e serem tratados como fantasias da infância. Mas quem é que nos dá tal obrigação? Boa pergunta para tentar responder, não precisa ser agora. Mas independente da resposta, o que interessa é que ele ou eles voltam, podendo assumir papeis de fieis aliados e até mesmo de conselheiros. Podem conviver para sempre com o lado oficial como facetas da imaginação e nunca serem descobertos por ninguém ou, já em um caso de pura evolução de seu dono, serem apresentados ao mundo. Ai seu pobre dono corre o sério risco de ser questionado ou virar o centro dos comentários da família e dos mais chegados de que algo de muito estranho está acontecendo com ele- Ele não é assim, o que será que houve? Deve estar com algum problema e não quer falar.
Para os que não têm essa coragem ou disposição resta retornar com os velhos amigos invisíveis da infância, que continuarão a ser imaginários, mas com serventia. Pois é bem mais fácil admitir que quem está com vontade de fazer algo que você nunca fez, ou que pode não agradar a todos, ou não é lá muito politicamente correto é seu amigo imaginário e não você, isso é verdade. Mas até que ponto isso é válido?
Onde está escrito que temos que agradar ao mundo? Que não podemos errar, senão seremos odiados e repelidos por toda a humanidade? Que os bonzinhos são mais felizes e vão para o céu?  E o mundo é perfeito por acaso? Por que para poder conviver com nossas incertezas e falta de coerência temos que nos esconder atrás de nossa imaginação e fingir que tais sentimentos não nos pertence, que são pura ilustração de nossa mente? A vida é coerente? Desde quando?
De quem estamos nos escondendo? Para quem estamos mentindo?
Quantos eus existem em cada eu, eu não sei. Vai depender de cada eu. Mas que há mais de um e que são perfeitamente plausíveis de conviver, mesmo sendo bem diferentes tenho certeza.
Não dá para querer fugir da imaginação, do subconsciente. Podemos até fingir que não existem, mas não dá para fugir, um dia eles vão nos pagar e nos surpreender. Melhor travar uma relação amigável em busca de uma convivência agradável.
(Venda do livro Tudo Na Vida É Passageiro através do site clube de autores: http://www.clubedeautores.com.br/search?what=bia+tannuri)
 09-09-2010