domingo, 8 de janeiro de 2012

O Ano-Novo

O frenesi dos últimos dias de um ano é tamanho que parece que se trata do fim de uma era. Como se nas badaladas da meia-noite do dia 31 de dezembro o mundo fosse simplesmente acabar levando com ele tudo de ruim, e ao primeiro minuto do dia primeiro de janeiro surgisse um novo tempo perfeito, de acordo com as expectativas de todos.

O que será que faz as pessoas sentirem que tudo pode ser diferente simplesmente pelo fato do fim de um ano e início de outro? Será que existe a ideia de que possa haver uma combinação cósmica dos astros que fará o mundo girar diferente liberando alguma substância capaz de mudar o que não podem fazer por si só? Pode ser. Mas o que fica esquecido, ou talvez não lembrado, é que a cada dia nasce uma nova oportunidade de fazer acontecer. Não é preciso esperar o primeiro de janeiro.

O Ano-Novo, tão comemorado e saudado, não acabará com as dificuldades nem tão pouco trará o milagre das soluções. As esperanças não precisam se prender a ele. As respostas não virão com a mudança de calendário, elas estão dentro e não fora, e não será a chegada de um novo ano que fará com que sejam encontradas.

A vida é mutável, não dá trégua, o tempo passa dolorosamente rápido podendo trazer a dor do desperdício das oportunidades não vividas, mas também a possibilidade de ser feito o que ainda não foi e de mudar o que não agrada. E assim a vida passa sem esperar, mas renovada e dando a mão a quem coragem e força tiver para correr sem hesitar, porque ela não espera, ela vive.

O primeiro de janeiro é só mais uma etapa da jornada que se inicia a cada raiar do dia, mas não se acaba no anoitecer, apenas descansa para renascer no novo amanhecer. Feliz de quem sabe ver e sentir a oportunidade que a vida dá a cada minuto vivido. Mas quem tem que esperar o início de cada ano para começar a viver corre o risco de permanecer no eterno e angustiante aguardo, porque até resolver o que fazer o ano já ficou velho e terá que esperar pelo próximo.

O ser humano é verdadeiramente sábio quando vive cada minuto de seu tempo como se o último ele fosse, porém com a intensidade da durabilidade eterna.

Que venha o novo ano com toda sua esperança e planos, mas que o frescor e o viço da juventude proveniente dos que têm muito tempo pela frente não se acabem com o passar dos dias e dos meses, que dure eternamente, sendo renovado a cada momento vivido e fortalecendo os que ainda estiverem por vir.

Bia Tannuri