domingo, 9 de novembro de 2025

As Pessoas da nossa estrada (versão 2)

 Nem sempre as pessoas da estrada da vida são as que caminham ao lado.

Há aquelas que surgem na história, mas não tocam na alma, passam ao largo, como figurantes do enredo.

Há as que, embora invisíveis ao olhar, vivem em nossas vidas como presenças que o coração reconhece.

E as que estão inteiras: corpo e alma.

A vida é feita de fases e faces, em cada uma, cruzamos com pessoas que se afinam ou se perdem de nós.

Algumas deixam apenas o eco de um encontro; outras se tornam laços que seguem, mesmo no silêncio.

As pessoas da estrada não se medem por presença física, mas pela vibração, harmonia, energia que emanam, ainda que em outra frequência.

Essas afinidades não se escolhem: encontram-se.

Podemos passar uma vida a procurá-las e, sem aviso, tropeçar nelas no meio do caminho.

A estrada, às vezes, é dura e pedregosa.

Mas as pessoas da nossa estrada, que vibram conosco, tornam o peso suportável

e nos dão a força para mirar o horizonte sem derrapar.

Há quem ache não ter ninguém consigo.

Pena, porque não veem, ou pior, não sentem a presença que vibram por eles, discretas, como vento sobre a pele.

Sempre há alguém.

A estrada nunca está vazia: pulsa, respira, vive,

A vida não para; segue,

podemos acompanhá-la ou ficar à margem,

Ela não desacelera. Quando passar, já foi.

As pessoas da nossa estrada não a pavimentarão por nós,

mas estarão lá, para nos darem as mãos nos tropeços,

ou rirem conosco quando o sol surgir e aquecer o vazio,

Cada estrada é única.

Não reta, mas é só nossa.

Por entre curvas, desníveis e abismos,

é nela que o universo ferve,

que renascemos a cada dia,

Trecho a trecho, a trilha se desenha,

a cada fase, a cada respiro do existir.

 O olhar esvaziou-se, apagou-se.

A ternura evaporou. 

As folhas caíram das árvores para nunca mais voltarem. 

Meu jardim era tão florido… mas de flores de papel, que a menor chuva se desmontaram, perderam a cor.

Os alicerces eram de ilusão, de mentira - a fachada desmoronou bem diante de meus olhos.

Quis segurar, mas as ondas de fumaça passaram entre meus dedos, trêmulos, incapazes de detê-las.

segunda-feira, 20 de outubro de 2025

Tenho tantos pensamentos que me invadem, me atormentam, me levam de uma certeza a outra — todas tão passageiras quanto uma cortina de fumaça.

Por que insisto em buscar soluções externas se não consigo sequer encontrar as minhas próprias?

Volto ao início, bebo um gole de minhas incertezas, observo o jardim de minhas conquistas, rego as flores que ali estão: algumas viçosas, das quais me orgulho, mas há outras que beiram a murchidão pela falta de rega. Esqueci de cuidar do que já tinha e parti em busca do que nem sabia o que era.


terça-feira, 2 de setembro de 2025

Tempo

 Telhado quebrado, panela no fogo, vizinho brigando, criança chora…, 

a vida passa, mas o tempo não passa. 


A volta não chega, o dia não amanhece.


Já se passaram 10, 30, 50 anos e a noite ainda não findou.


O tempo não está tendo tempo de se fazer perceber, corre nos braços dos olhos que não veem, do coração aflito, ansioso- mas que não respira o tempo de ser tempo.

quinta-feira, 7 de agosto de 2025

Carta para alguém ou para ninguém

 Talvez nunca tenha coragem ou até mesmo vontade de te enviar essa carta. Ou quem sabe essas linhas sejam para mim e não para você – não importa.

Mas o fato é que não sei em que momento perdi o tempo do tempo.

Sai estava tudo arrumado, organizado e quando voltei e abri a porta lembrei de Adélia Prado em Dona Doida, só que dessa vez a doida era eu, sem ao menos saber que era.

As paredes mudaram de cor, o ar estava mais denso, desfeito, e um pouco antes de sufocar, já com as mãos em volta do pescoço - entendi que puxava a respiração ao contrário, não era de fora que precisava buscar o sopro do mundo para me sustentar – e sim de dentro de mim.

Corri dali o mais rápido que pude, fugi como vento que escapa por uma fresta com medo de ser detido. Quando meu coração se aquietou no peito parei – olhei para trás por cima dos ombros, todos se movimentavam no ritmo da nova música que começou a tocar após minha partida. Ninguém se virou a minha busca, será que não deram por minha falta?

Continuei meu caminho, nem sei quanto tempo faz que deixei aquele baile, não sinto saudades – aquela dança machucava-me os pés e eu insisti em baila-la por muito tempo até descobrir que poderia aprender outras.

As vezes fecho os olhos e penso naquele tempo perdido do próprio tempo, penso em você, nos seus olhos que estão se apagando diante dos meus, uma nevoa os cobrem, já nem sei ao certo qual a cor deles, castanho escuro, claro, cor de mel? Será que você ainda lembra dos meus?

Joguei as chaves daquela porta fora,

Escolhi ser eu, escolhi dançar minha própria música, ocupar o primeiro lugar na fila, ou melhor, escolhi sair da fila, escolhi ser única para poder ser muitas e conviver com muitos, escolhi ser a água que apaga minhas próprias labaredas antes que queimasse no “fogo” que eu mesma acendi.

 

terça-feira, 22 de julho de 2025

Meu poema é você

 Da forma mais simples e complexa a vida se faz, se abre em momentos que escrevem nossos poemas.

Aquela noite, seria como outra qualquer, se não fosse pelo fato de ter passado por aqueles olhos, que não me viram, mas que eu busquei o olhar. Era intenso, sedutor, falava várias coisas que fui entendendo aos poucos e gostei da conversa sem palavras - nunca mais fui a mesma depois do encontro com aqueles olhos - um poema que mudou minha vida. 

Pelas estrofes da conquista sua poesia se formou na composição do poema da parceria, da sedução, da admiração - uma flor regada no gota a gota do encantamento, teceu  a teia do amor que abraça, mas não prende - respeita, ampara, anda ao lado, vibra e chora junto.

Meu poema é você em toda sua poesia que me encantam.

quarta-feira, 16 de julho de 2025

 Ando revisitando memórias , sentimentos,até algumas dores - ainda doem, mas já não sangram , - agora já posso olha-las de frente, e perguntar, porque? Onde foi que nos encontramos? Onde foi que o amor virou as costas e nos deixou na estrada vazia e fria do desamor? Será mesmo que algum dia houve amor? Onde está o brilho que trocávamos no olhar? Perdemos e nem sabemos ao certo aonde foi? Mas é certo que perdemos, talvez tenhamos nos perdido… 

Levanto e sigo sem esperar as respostas, por medo ou por não querer escutar, não sei- não importa.

Sigo na estrada e sinto o vazio que preenche-me a alma. 

Ainda não quero as respostas, embora continue a esperar  por elas.