O sonho de toda criança
é tornar-se adulto, para com isso conquistar a tão almejada independência e
domínio da própria vida. Mas não têm a consciência que atrelado ao premio da
conquista perdem, talvez o que possuem de mais precioso, a inocência e espontaneidade.
Triste preço o que se
paga para sair da infância e ingressar no reino dos “sábios” da maior idade.
Mas a peculiaridade dos primeiros anos de vida não está perdida, apenas
adormecida em algum lugar do temido inconsciente dos que já cresceram e
reaparece tão mais que de repente quando o mesmo inconsciente trai a quem pensa
a ele dominar. Nesta hora, afrouxam-se as amarras que sustentam o efêmero corpo
de proteção criado para a vida adulta poder suportar, fazendo com que as
fragilidades pertencentes ao mundo distante da velha infância “esquecida”
aflorem como nervos expostos sensíveis ao toque dos sentimentos mais profundos.
É quase que prazeroso ter os “alicerces”
construídos com tanto empenho e “certeza” abalados para poder desfrutar de
momentos, cada vez mais raros, avessos ao do curso de perenidade de equilíbrio
imposto a vida adulta. O quase
é ponto chave de tal afirmativa, visto que o prazer, por mais prazeroso que
venha a ser, é visto como sendo um deslize, não pertencente a vida madura.
Desta forma, tem que ser disfarçado, sentido meio que sem querer para rápido
poder recuperar as amarras, que por um lapso se deixaram apanhar pela
fragilidade infantil e a vida de seriedade continuar a seguir.
Mas será que é isso mesmo
que tens que fazer? Aprisionar a criança que há dentro de ti, que luta
ferozmente para sair e compartilhar da vida adulta tão almejada?
Será que o Ser maduro
julga o Ser criança desapropriado para da vida madura poder participar? Ou será
medo que esse Ser tão simples e direto lhe aponte o quanto de tua essência tens
te afastado?
Será que não podem
juntos conviver? Um com a seriedade necessária a vida adulta e o outro com
espontaneidade infantil que alivia e atenua o rigor do mundo dos de maior idade?...
Será que esquecestes
que dentro de ti há espaço para todos os teus “eus”, que não precisas matar um
para que o outro tome seu posto?
És vários dentro de um
só...
Esse lindo e sabio texto, me fez refletir profundamente o quanto devemos afrouxar essas amarras para usufruir e ter qualidade de vida melhor. Nao precisamos necessariamente voltar ao estado infantil, mas as atitudes simples e diretas peculiares dessa fase sao dadivas que nao podemos dispensar.
ResponderExcluirPerfeito, não devemos perder o que cada fase da vida tem de bom.
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