quinta-feira, 21 de junho de 2012

Quando as amarras caem...

O sonho de toda criança é tornar-se adulto, para com isso conquistar a tão almejada independência e domínio da própria vida. Mas não têm a consciência que atrelado ao premio da conquista perdem, talvez o que possuem de mais precioso, a inocência e espontaneidade.

Triste preço o que se paga para sair da infância e ingressar no reino dos “sábios” da maior idade. Mas a peculiaridade dos primeiros anos de vida não está perdida, apenas adormecida em algum lugar do temido inconsciente dos que já cresceram e reaparece tão mais que de repente quando o mesmo inconsciente trai a quem pensa a ele dominar. Nesta hora, afrouxam-se as amarras que sustentam o efêmero corpo de proteção criado para a vida adulta poder suportar, fazendo com que as fragilidades pertencentes ao mundo distante da velha infância “esquecida” aflorem como nervos expostos sensíveis ao toque dos sentimentos mais profundos.
É quase que prazeroso ter os “alicerces” construídos com tanto empenho e “certeza” abalados para poder desfrutar de momentos, cada vez mais raros, avessos ao do curso de perenidade de equilíbrio imposto a vida adulta. O quase é ponto chave de tal afirmativa, visto que o prazer, por mais prazeroso que venha a ser, é visto como sendo um deslize, não pertencente a vida madura. Desta forma, tem que ser disfarçado, sentido meio que sem querer para rápido poder recuperar as amarras, que por um lapso se deixaram apanhar pela fragilidade infantil e a vida de seriedade continuar a seguir.

Mas será que é isso mesmo que tens que fazer? Aprisionar a criança que há dentro de ti, que luta ferozmente para sair e compartilhar da vida adulta tão almejada?

Será que o Ser maduro julga o Ser criança desapropriado para da vida madura poder participar? Ou será medo que esse Ser tão simples e direto lhe aponte o quanto de tua essência tens te afastado?

Será que não podem juntos conviver? Um com a seriedade necessária a vida adulta e o outro com espontaneidade infantil que alivia e atenua o rigor do mundo dos de maior idade?...
Será que esquecestes que dentro de ti há espaço para todos os teus “eus”, que não precisas matar um para que o outro tome seu posto?

És vários dentro de um só...

2 comentários:

  1. Esse lindo e sabio texto, me fez refletir profundamente o quanto devemos afrouxar essas amarras para usufruir e ter qualidade de vida melhor. Nao precisamos necessariamente voltar ao estado infantil, mas as atitudes simples e diretas peculiares dessa fase sao dadivas que nao podemos dispensar.

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    1. Perfeito, não devemos perder o que cada fase da vida tem de bom.

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