quinta-feira, 11 de julho de 2013

A arte de saber doar...


O tempo parece infinito para alguns poucos privilegiados que conseguem vivê-lo com maestria, fazendo com que a idade não passe de simplesmente registro histórico meramente burocrático e marcas que enrugam o corpo, mas não a alma.

Mas como um ser pode viver com vigor e com vontade sem esmorecer mesmo diante de fases árduas, inevitáveis, que surgem sem aviso prévio e prazo de termino? Será que existe tal criatura nesse mundo de meu Deus?

- Utopia! Sem dó nem piedade eu diria sem pestanejar.

E sobre o animo e a paciência? Esses dois nem se fala, nunca pude entender com veracidade os que, heroicamente na minha sarcástica opinião até então, conseguem manter tais dons após viverem anos sem que nada consiga extingui-los, nem sequer diminuí-los.

Pois bem: Tive minhas crenças abaladas quando, mais que por acaso, um programa de TV me chamou atenção. Era sobre o Uruguai, falando sobre belezas e vantagens do País que é muito bonito e bem estruturado, segundo a reportagem. Mas não foi propriamente os atributos uruguaios que me impressionaram, apesar de sem dúvida interessantes, mas sim a declaração do artista plástico, Carlos Páez Vilaró de noventa anos e em plena forma com uma aparência de pura tranquilidade, que me atraiu realmente e me fez parar tudo e prestar atenção no programa.

Ao ser questionado pela repórter de qual seria o segredo para se viver tanto e estar tão bem como ele, ele respondeu sucintamente: - a arte de saber doar.

Ouvi aquilo e me emocionei ao ver aquele velho jovem, que exalava um brilho no olhar de puro bem estar, revelar com tamanha sabedoria e simplicidade o segredo para a conquista de um  bem tão almejado pela humanidade. E me deparei com meus questionamentos internos da dificuldade da doação, da real entrega que é uma via de mão única, que acredito ser a que se referia nosso caro Carlos, aquela que nada quer, que se dá sem nada esperar, só desejando o puro prazer da desprovida doação. A mais simples e a mais complexa ao mesmo tempo. E desde então estou me perguntando o porquê de tamanha dificuldade.

Por quê?

2 comentários:

  1. Amiga, vc já é "Vilaró", parece que sem saber...
    bjinho
    Sônia

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    1. Sonia,
      A escrita nos dá muitos prazeres, como esse de ter leitores como você!!
      Obrigada!!!

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