Corria eu pela praia em uma manhã de primavera ainda com os ares frígidos
da madrugada recente. O vento úmido cortava-me o rosto à medida que por dentro
dele atravessava em minha árdua tarefa. Após uma meia hora o Sol, finalmente,
começou a distribuir seus calorosos raios dissolvendo os efeitos
desconfortáveis do gélido amanhecer. Como que desprendida de meu corpo, que
corria insanamente pela pista, me pus a apreciar o mar que reluzia enigmático contrastando
com as espigas de concreto estendidas do outro lado da rua e em um lampejo dei
de cara com o movimento do dia já a todo vapor e vi a grande questão se formar
diante de mim: de que mundo eu faço parte? Ou a qual deles quero pertencer? De um
lado toda natureza solitária e imponente e de outro os desejos de conquistas e
competições que aliciam e encantam. Mundos se misturam a todo instante,
universos diversos, de realidades cristalinamente distintas, se confundem e
cobram posições de posturas, de escolhas, como se obrigatório fosse optar
apenas por uma.
Continuei
a corre observando os dois cenários a minha volta, respirei fundo e pensei: que
me desculpe meu ilustre e talentoso músico poeta Zeca Baleiro, mas não tenho a
minha tribo, quero todas, pertenço a todas sou do mundo ou dos mundos que se unem
na essência e se diferenciam na forma.
O
Sol despontava no imenso céu azul que cobria e inebriava de energia os iguais,
porém distintos que começavam mais um dia de suas complexas e simples
existências.
Sou do mundo e ele é de mim...
Nenhum comentário:
Postar um comentário