A idade avança, responsabilidades se
multiplicam, chegam as marcas inevitáveis do tempo, que insiste em não dar
trégua, dificultando o reconhecimento do rosto refletido no espelho, que encara
e impõe sua imagem certeira sem margem a dúvidas a quem se refere.
E aonde é que está a bendita da
maturidade que galardoaria a dissolução do frescor da juventude e o adeus a singeleza
da infância? E a segurança, as certezas, a sabedoria prometida que chegaria
junto com a contagem dos anos? Cadê o adulto ciente de todas as coisas?
Esse tal ser amadurecido é mais
incerto e inseguro do que a criança que um dia foi e não tinha a obrigação de
ter que fazer as escolhas certas. Possuía somente seus sonhos, os quais pareciam
perfeitamente viáveis de serem concretizados, por mais longínquos que estivessem e
ser adulto era um deles. Imaginava em sua cabeça pequena de criança, que alojava
um mundo, que ser gente grande era a melhor coisa a acontecer. Pois só assim poderia
realizar todas as suas aspirações e ser capaz de resolver tudo sem pedir nada a
ninguém. Seria possível viver a plenitude daquele mundo latente em seus enormes
pensamentos de gente pequena com imaginações que transbordavam uma vida.
A criança ficou nos anos deixados
nas gavetas do tempo, e hoje transvestido de adulto, vestimenta que a vida lhe
atribui, continua na busca pelas escolhas certas e a aguardar a maturidade
prometida e enquanto ela não chega, permanece a fazer uso das convicções, efêmeras,
porém necessárias a vida de maior de idade.
Ai... pobre dele que um dia teve a
ilusão de que ao se tornar grande tudo se resolveria. Jamais poderia conceber,
quando criança, que todas as doces incertezas da puerícia se tornariam as
melhores lembranças e quem sabe com elas desejaria ficar no lugar da ilusão que
adulto se tornaria.
Feliz daquele que teve infância
ResponderExcluirMuito obrigada pelo comentário. Concordo plenamente com você.
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