Podem passar encoquines por uma vida inteira como sombras a vagar feito fantasmas que estão por perto, mas não são vistos. Verdadeiros espectros servos sem rosto, preparados a satisfazer as vontades, com devoção sem questionar e até com certo prazer, de quem não os nota e só têm exigências a fazer sem cerimônia, sem apego, sem sentimento, o único interesse está em ser atendido.
Até que chega o dia que os desejos não são saciados pelo simples fato da ausência de quem estava sempre a postos para satisfazê-los, nesse exato momento um milagre ocorre: O fantasma se materializa, ganha corpo, toma forma e passa a ser notado através da ausência. Foi preciso desaparecer para ser visto, para receber o valor que sempre teve, porém antes sonegado e passa a ser a pessoa mais importante, que nunca poderia faltar, a que sabe o que e como fazer para todos os anseios atender. E agora?
A falta por vezes se faz
necessária para a compreensão de quanta falta faz e nenhum valor recebia quando
sempre esteve presente e simplesmente não era vista por atender a tudo e a
todos sem que os mesmos não tivessem, sequer, que pedir para terem suas vontades
atendidas.