(Texto selecionado para coletânea “Cotidiano Introspectivo - Centenário Clarice Lispector da PerSe)
Por essa abertura, que se transformou na única ligação
que tenho com mundo lá de fora, passo meus dias a observar a vida que acontece no
exterior do cenário onde vivo meu retiro.
Estou há dias, que passam rápido como um raio ao
mesmo tempo que parecem pertencer a uma eternidade sem fim, a viver em meu
universo particular delimitado pelas paredes de meu lar.
A vida
de fora e de dentro seguem em curso com as determinações dos acontecimentos que
não dão escolhas a muitas variações, embora sempre exista alguma, cada um segue
a sua. Eu sigo a minha na clausura do recolhimento em busca da suposta
segurança.
Pela janela sigo meus dias a desejar do outro
lado poder estar e sinto a energia do vento que lá bate. Me transporto para as
calçadas, corro até o mar, mergulho e me energizo em suas águas, saio e rolo na
areia e nela deito e fico a admirar o sol que me aquece a alma, iluminando a
mente que bate em meu coração abrindo as portas das forças que lá residem me
fazendo crer que breve tudo sera historia e de corpo presente, e não só de alma,
estarei a desfrutar desse mar que tanto amo e que me acolhe com a divindade que
só ele tem.
E das areias me levanto e sigo de volta ao meu
pouso seguro de contemplação pela janela.
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