Existe uma atmosfera,
irritante, que quer obrigar a todos a gostarem de tudo que fazem.
Causa grande espanto e até mesmo pode chocar quando alguém se declara insatisfeito por estar fazendo alguma coisa que até poderia abandonar, mas não o faz por algum tipo de necessidade ou beneficio ou as duas coisas juntas. Mas o fato é que querem empurrar pela goela abaixo do indivíduo o comprometimento de estar inteiramente satisfeito com tudo que faz. Acho que esta síndrome está diretamente ligada à necessidade de ter que estampar aos quatros ventos a tal da felicidade plena e absoluta, sem direito a nenhum desnível de humor.
Mas aqui entre nós, só
entre nós: nunca teve aquele dia, por exemplo, que desejou qualquer outra coisa
a ter que ir trabalhar por mais que ame sua profissão? E a academia? Já não lhe
ocorreu que poderia ser muito mais agradável estar seja lá aonde do que em cima
daquela esteira maldita, mesmo que sua terrível e cruel consciência não lhe
permita desistir dela? Ou qualquer outra coisa que precisou fazer, por qualquer
que tenha sido o motivo, que já teve vontade de correr no sentido contrário,
mas simplesmente não o fez e ficou ali para realizar a tarefa indesejada, mas
que lhe trás algum benéfico e por isso não desistiu?
Aponte-me um, pelos menos um SER sequer que nunca tenha enfrentado as perguntas internas do fazer ou não fazer algo, lutando com os sentimentos de não gostar com o de ter que fazer e que não tenha optado pelo segundo?
Por que é tão espantoso
quando se admite: - Não eu não gosto de fazer tal coisa, mas faço. Fico a pensar
o que será que assusta mais, se é a “insanidade” de se fazer algo que não se
quer ou se é a coragem de admitir tal feito que esta atrelada com a consciência
de que a vida não tem é nada de perfeito.