Estava eu, dirigindo
tranquilamente tendo a meu lado um menino de treze anos, quando de repente meu
parceiro de viagem dispara a seguinte afirmativa: “- O amanhã nunca chega, não
existe. O que existe é o presente.” Fiquei surpreendida com aquela
declaração que veio, aparentemente, do nada, pois nossa conversa não tinha nenhuma
relação com o assunto. Fiquei olhando para aquele ser tão puro e jovem, ao qual
eu julgava ainda tão criança e me emocionei com sua sensibilidade e lhe
perguntei o porquê de sua definição tão categórica e ele complementou: “-
Quando
o amanhã chega já é presente. A gente nunca vai ver o amanhã, estaremos sempre
no presente.” Fiquei de fato sem palavras mediante a simplicidade em
definir algo tão claro, mas que passa pela sombra da utopia que o mundo vai
embutindo nas mentes humanas à medida que amadurecem. E sem ter mais o que
questionar, concordei com ele.
Seguimos nosso trajeto
conversando sobre várias outras coisas e a questão amanhã – presente se dissipou no caminho, mas não na
minha mente e desde então estou a pensar sobre o assunto e principalmente pela
maneira tão simples e direta que foi colocada pela aquela criatura que começa a
descobrir o mundo e suas entranhas.
Olho-me no espelho e me
pergunto em que lugar está o amanhã? A que horas ele chega e a que tempo
pertence? E o que devo fazer com todos aqueles projetos que estão sendo
trabalhados e aperfeiçoados milimetricamente em busca de ficarem perfeitos para
serem vividos no amanhã? Um amanhã que nem sei onde fica e quando chegará. E com
meu lado emocional embriago de todo meu idealismo chego à seguinte conclusão: - vou rasgar meus projetos e dar o
braço ao meu sábio mestre de treze anos e viver o hoje, o aqui e agora e deixar
o tal amanhã para que o futuro, aquele cara incerto que adora aquele outro, o
quando, se entenderem e tratarem eles de esperarem pela incerteza do
imponderável. Mas
volto ao espelho e olho-me mais profundamente com meu lado razão que aos poucos
foi crescendo a medida que o idealista foi sendo engolido pela dita “maturidade”
e me pergunto: -Ah..
vais fazer isso mesmo? Tens coragem de enfrentar todos os teus porquês que vivem
a te cobrar o que farás no tal amanhã?...
Aí me da uma vontade
danada de ter meus treze anos de volta e com ele toda minha dispensabilidade de
precisar insanamente que este imprevisível amanhã chegue com as respostas que
não consegui obter no meu sabido hoje.
Bia querida.
ResponderExcluirFANTASTICO simples assim.
Quanta coerência.
Menina cada vez que vejo suas crônicas meu coração se alegra.
Mais essa me tocou muito .
Parece que está falando para mim.
Obrigada por mais esse presente amiga.
Bjs
Cleni
Acredite que o presente eh todo meu😘😘
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