domingo, 15 de setembro de 2013

E o amanhã? Quando chegará?


Estava eu, dirigindo tranquilamente tendo a meu lado um menino de treze anos, quando de repente meu parceiro de viagem dispara a seguinte afirmativa: “- O amanhã nunca chega, não existe. O que existe é o presente.” Fiquei surpreendida com aquela declaração que veio, aparentemente, do nada, pois nossa conversa não tinha nenhuma relação com o assunto. Fiquei olhando para aquele ser tão puro e jovem, ao qual eu julgava ainda tão criança e me emocionei com sua sensibilidade e lhe perguntei o porquê de sua definição tão categórica e ele complementou: “- Quando o amanhã chega já é presente. A gente nunca vai ver o amanhã, estaremos sempre no presente.” Fiquei de fato sem palavras mediante a simplicidade em definir algo tão claro, mas que passa pela sombra da utopia que o mundo vai embutindo nas mentes humanas à medida que amadurecem. E sem ter mais o que questionar, concordei com ele.
Seguimos nosso trajeto conversando sobre várias outras coisas e a questão amanhã – presente se dissipou no caminho, mas não na minha mente e desde então estou a pensar sobre o assunto e principalmente pela maneira tão simples e direta que foi colocada pela aquela criatura que começa a descobrir o mundo e suas entranhas.
Olho-me no espelho e me pergunto em que lugar está o amanhã? A que horas ele chega e a que tempo pertence? E o que devo fazer com todos aqueles projetos que estão sendo trabalhados e aperfeiçoados milimetricamente em busca de ficarem perfeitos para serem vividos no amanhã? Um amanhã que nem sei onde fica e quando chegará. E com meu lado emocional embriago de todo meu idealismo chego à seguinte conclusão: - vou rasgar meus projetos e dar o braço ao meu sábio mestre de treze anos e viver o hoje, o aqui e agora e deixar o tal amanhã para que o futuro, aquele cara incerto que adora aquele outro, o quando, se entenderem e tratarem eles de esperarem pela incerteza do imponderável. Mas volto ao espelho e olho-me mais profundamente com meu lado razão que aos poucos foi crescendo a medida que o idealista foi sendo engolido pela dita “maturidade” e me pergunto: -Ah.. vais fazer isso mesmo? Tens coragem de enfrentar todos os teus porquês que vivem a te cobrar o que farás no tal amanhã?...
Aí me da uma vontade danada de ter meus treze anos de volta e com ele toda minha dispensabilidade de precisar insanamente que este imprevisível amanhã chegue com as respostas que não consegui obter no meu sabido hoje.

2 comentários:

  1. Bia querida.
    FANTASTICO simples assim.
    Quanta coerência.
    Menina cada vez que vejo suas crônicas meu coração se alegra.
    Mais essa me tocou muito .
    Parece que está falando para mim.
    Obrigada por mais esse presente amiga.
    Bjs
    Cleni

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