Tecnologia
cada vez mais evoluída, todos os dias uma brilhante descoberta da ciência em
favor da humanidade, internet aproximando os povos, enfim, a cada clique um
mundo de facilidades se apresenta. Até aqui tudo ok, certo? Afinal quem é
contra os meios para auxiliar e valorizar o dia a dia dos seres? Você é?
Acredito que não. Tudo isso é
simplesmente maravilhoso com certeza, mas em paralelo corre um módulo do
projeto que está danificado e ninguém vê ou faz de conta que não, apesar de
atingir a todos, ou pelo menos a grande maioria, ou seja, os “pobres mortais”
que têm que pagar seus impostos, que por sinal não são poucos, e cumprir toda a
lista de deveres para estar à altura de viver na tão exigente sociedade. Muitos
reclamam, mas raros são os que realmente fazem algo em prol de ter seu direito
atendido por um serviço que não é de graça, muito pelo contrario, que se paga e
muito bem para no final não recebê-lo ou tê-lo como se estivesse auferindo um
favor.
Em
todos os setores que é preciso se fazer uso de um serviço ministrado por uma
pessoa, a qual é treinada para tanto, ou pelo menos deveria ser, na maioria
esmagadora das vezes o que temos é o desserviço, que pode ir de atendentes
despreparados em relação às informações sobre o produto que representam a forma
desrespeitosa de falta no trato com aquele que deveria ser o foco do negócio, o
cliente. E não é incomum, que a pessoa que vai a busca de um determinado serviço,
ouvir “n” explicações do mesmo prestador, variando com o número de vezes que
for atendido, ainda que para um mesmo questionamento.
Os
processos de facilitação progridem tão rapidamente para atender as necessidades
do mundo, que quase podemos ter a resposta antes que a pergunta se apresente.
Mas e quanto ao preparo do interlocutor, do responsável por fazer esse universo
de comodidades, cada vez mais atrativas, chegar adequadamente ao cliente? Quem
está cuidando disso? Parece que essa “pasta” corre solta sem mestre responsável
por ela. Pois a relação é quase que diretamente proporcional: quanto mais serviços disponíveis no
cardápio, menos pessoas capacitadas para servi-los. E se já não fosse
isso um extremo negativo da cadeia de ofertas de serviços, ainda há outro a
apontar, só que dessa vez em proporcionalidade inversa: quanto maior for a necessidade pelo serviço, demonstrada pelo
requerente, menor é o atendimento prestado a ele.
Será
que tal contexto é uma demanda velada do mundo para a extinção das relações
interpessoais da prestação de serviços, passando para era onde só existirão
máquinas capazes de atender ao cliente no que ele necessita? Será que assim
teremos a tão almejada qualificação necessária para oferta de serviços,
incluindo conhecimento técnico, educação e respeito entre consumidor e
fornecedor?
Decepcionante
divisar a troca de seres humanos por máquinas como sendo a única solução para
resolver o problema que vivemos de desserviço.
Será
a degradação das relações interpessoais uma questão somente do âmbito da
prestação de serviços? Ou um fator crescente de falta de tolerância entre os
seres de uma forma geral? Carência de conceitos básicos, quase que renegados ao
tempo passado, de pedidos de desculpas, cumprimentos de chegada e saída, sentimentos
de compaixão, respeito e muitos outros cada vez mais escassos?
A
quem culpar? Sim, porque para toda falha levanta-se de imediato o dedo da culpa
em conjunto com o da responsabilidade para alguém que terá que pagar essa
fatura. Seria fácil, ou talvez mais prático se eleger um único réu para tal
cargo e a ele crucificá-lo e dele exigir a solução, ok. Mas onde ele está e
quem é ele? Talvez uma das respostas esteja no primeiro espelho para qual
devemos olhar e procurar no fundo dos olhos que encontraremos refletidos do
outro lado e tentar achar os conceitos básicos da vida entre os seres, os quais
se esvaem a cada dia tornando a convivência humana mais dura, intolerante e
desrespeitosa, não só em referencia aos serviços, mas na vida como um todo.
O
mundo está prático, eficiente em oferecer soluções, rico tecnologicamente e
cientificamente. Porém está carente de afeto, de benevolência, de bondade entre
os seres que o habitam. Talvez tenhamos que rasgar todas as teses, projetos
ultra desenvolvidos para o tão aclamando progresso, que chegou com certeza, e
voltar a vida manual sem todas as facilidades do mundo atual e começar tudo de
novo outra vez e tentar resgatar a humanidade das relações que se perdeu no
meio do caminho. Quem sabe seja possível reconstruir um mundo que tenha um BOM
SERVIÇO de viver.