Os
traumas adquiridos na infância não se restringem a essa fase da vida. Não podem
ser deixados em uma caixa, com os brinquedos, trancada e esquecida em canto do
quarto pueril enquanto se cresce e parte-se para evolução da vida. Eles vão
junto, agarrados como visgo na alma e na mente. É possível aprender a viver
com eles, a doma-los, mas não a livrar-se deles, ou como se arruma um armário
jogando fora o que não serve mais.
Têm
a capacidade de parecerem inertes por tempos, fazendo crer que se foram, que não
mais estão presentes, mas estão guardados em algum lugar obscuro da mente,
adormecidos talvez, esquecidos jamais.
Podem
ser acionados por pequenos gatilhos, situações aparentemente sem nenhuma
importância, mas que os despertam daquela parte esquecida da mente que estão
arquivados, aflorando um tsunami de emoções que veem derrubando tudo pela
frente, movimento de difícil explicação ao plano do racional, mas de total
entendimento ao submundo do inconsciente, onde são armazenadas as incoerências que
constroem o alicerce do viver.
Os
traumas da infância refletem diretamente na vida adulta, são registros eternos
gravados no DNA. A eles podem ser atribuída grande parte da formação da
personalidade e o modo pelo qual se constrói o olhar o mundo.
São
verdadeiras entidades que vão estar presentes por toda vida, por vezes se
fazendo ver, por vezes não. Serão como um oceano que embalará a vida por todo
sempre, com ondas gigantes intercaladas de períodos de calmarias.
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