Sentei de frente, para me ver bem nos olhos.
Converso comigo,
faço várias perguntas, rápido para não me dar tempo a respostas.
Atropelo o pensamento e me satisfaço com o vazio da fala,
-gosto do nada que preenche meus vazios-,
Levanto e vou fazer café , - quer?
-ofereço-me , não espero a resposta, tomo a bebida quente e forte sozinha
-egoísta -
adoro a cara de espanto que faço ao me ver tomar a última gota do café, pousar a xícara na pia e sair sem me olhar .
Volto para sala e me chamo,
-senta aqui-
-sento-
me irrita ver tamanha resiliência, nunca uma expressão de raiva - não pode ser normal.
Falo coisas sem importância, como se vai chover, fazer sol… essas desinteressantes falas,
- me mantenho calma e passiva, só a espera .
Mas à espera de que, mulher ? Levanta daí, dai-me um tapa! Reage!
O sorriso em minha direção frustra a reação que espero.
Saio e bato a porta com força e não olho para trás, para não correr o risco de me ter ao meu lado.