domingo, 16 de agosto de 2015

Depois do poder

Ter poder é algo almejado por muitos, através dele é possível ter o direito de agir, de decidir, de mandar, de ter “Autoridade”.

O poder pode ser confundido como meio para alcançar a plenitude da satisfação pessoal de se sentir importante dentro de toda capacidade de exercer a soberania do comandar.

O poder desmedido gera a empáfia, sentimento dos que creem ser inatingíveis e em nome da liderança, que pensam possuir, passam por cima de tudo e todos que julgarem estar fora de seus padrões estabelecidos.

O senhor de tal faculdade tem orgulho de sua posição e entende que jamais perderá seu glorioso posto, sente-se onipotente, absoluto com mandos irrestritos e eternos.

Mas e quando o poder acaba?  O que fazer quando os salões por onde bailam a superioridade apagam as luzes, fecham as cortinas e não há mais plateia? Quando o amo não mais tem seus súditos para sobre eles destilar todo seu soberbo poder e esperar fiel e absoluta obediência sem direito a contestações? O mundo do poder é efêmero, frágil, se desfaz sem aviso prévio causando a abstinência de governar a quem o possuiu e o confundiu com uma característica a mais em seu DNA, julgando-se um ser especial.

Ser destituído do poder para quem o tem como amuleto e ferramenta de apoio para viver seu estado de “superioridade”, é como que ser arrancado da própria pele e jogado em um mundo, sem proteção, que ele não conhece e tão pouco esse mesmo mundo o reconhece como um ser igual.

E ai um dia se acorda e não há ninguém para mandar, nada para determinar, nem uma ordem a ser decidida, e ai? Podem-se observar seres que sucumbem à própria solidão por simplesmente não suportarem a vida sem a força que achava que o dito poder lhe dava, ou os que se olham no espelho e veem um ser que quer viver e precisa de um espaço, o qual ele não construiu porque estava inebriado pela nuvem passageira do poder que agora se foi e então se depara com a necessidade urgente de se sentir parte integrante do mundo que ele se achava superior e agora enxerga como sendo seu abrigo e alívio para acalentar suas carências e o agasalhar do isolamento que a falta do poder lhe deixou como herança. Tal busca pode levá-lo a ter atitudes inadmissíveis em seus tempos de desmandos, como a humildade, tolerância e outras características necessárias aos pobres mortais que visam pelo bem viver e que eram meramente desconhecidas até então pelo ex- todo poderoso.

O poder vicia e domina a quem o detém como arma de se fazer respeitar por pura falta de capacidade de exercer a liderança.