Nada, por mais consistente, sólido e definido que possa parecer é definitivo. Tudo pode mudar a qualquer hora de uma hora para outra por mais força que se faça para segurar o que não se pode deter.
A vida é mutável, vive independente do querer, pulsa pelas vísceras do existir sem que para isso nada tenha que ser feito. Ela vai sem destino, mas com rumo certo a trilhar os percalços desordenados do caminho traçado pelos lampejos acordados no movimento do acontecer.
Tudo está ali, mas sem estar definido e marcado, simplesmente está latente no peito que sente a certeza de que algo há, mesmo sem saber o que. Só importa saber que existe.
O mundo gira e volta ao ponto do início que coincidi com o fim do recomeço e com o recomeço do fim. Tudo volta, mas não repete, nada é igual, nada perdura, a plenitude não é plena, ela oscila, mescla nas cores do viver que a leva e traz ao seu bel prazer.
O destino é sábio, mas não sabe o que está por vir, ele é frágil e se entrega aos devaneios do viver, que se encarrega de desfolhar as fases do suceder.
É prazeroso o inesperado do mudar, virar do início ao fim e na desordem do montar outro sentir o “frisson” de uma nova conquista? E a angustia do não saber o que estás prestes a conhecer no delinear de tua construção? Como conviver com tantas sensações sem nem ao menos saber onde irás chegar? Talvez seja esse o estimulo que procuras, ou realmente não importa saber o que, nem porque, nem aonde se vai, bastando ir, simplesmente ir. Mas isso só tu poderás responder-te, se a ti fizeres a pergunta, se é que queres fazer.
No sombrio mundo do desconhecido, mora o deleite do descobrir.