domingo, 1 de março de 2020

Traumas de infância


Os traumas adquiridos na infância não se restringem a essa fase da vida. Não podem ser deixados em uma caixa, com os brinquedos, trancada e esquecida em canto do quarto pueril enquanto se cresce e parte-se para evolução da vida. Eles vão junto, agarrados como visgo na alma e na mente. É possível aprender a viver com eles, a doma-los, mas não a livrar-se deles, ou como se arruma um armário jogando fora o que não serve mais.

Têm a capacidade de parecerem inertes por tempos, fazendo crer que se foram, que não mais estão presentes, mas estão guardados em algum lugar obscuro da mente, adormecidos talvez, esquecidos jamais.

Podem ser acionados por pequenos gatilhos, situações aparentemente sem nenhuma importância, mas que os despertam daquela parte esquecida da mente que estão arquivados, aflorando um tsunami de emoções que veem derrubando tudo pela frente, movimento de difícil explicação ao plano do racional, mas de total entendimento ao submundo do inconsciente, onde são armazenadas as incoerências que constroem o alicerce do viver.

Os traumas da infância refletem diretamente na vida adulta, são registros eternos gravados no DNA. A eles podem ser atribuída grande parte da formação da personalidade e o modo pelo qual se constrói o olhar o mundo.

São verdadeiras entidades que vão estar presentes por toda vida, por vezes se fazendo ver, por vezes não. Serão como um oceano que embalará a vida por todo sempre, com ondas gigantes intercaladas de períodos de calmarias.  

Nenhum comentário:

Postar um comentário