quinta-feira, 28 de maio de 2020

Pela Janela

(Texto selecionado para coletânea “Cotidiano Introspectivo - Centenário Clarice Lispector da PerSe)

Por essa abertura, que se transformou na única ligação que tenho com mundo lá de fora, passo meus dias a observar a vida que acontece no exterior do cenário onde vivo meu retiro.

Estou há dias, que passam rápido como um raio ao mesmo tempo que parecem pertencer a uma eternidade sem fim, a viver em meu universo particular delimitado pelas paredes de meu lar.

 A vida de fora e de dentro seguem em curso com as determinações dos acontecimentos que não dão escolhas a muitas variações, embora sempre exista alguma, cada um segue a sua. Eu sigo a minha na clausura do recolhimento em busca da suposta segurança.

Pela janela sigo meus dias a desejar do outro lado poder estar e sinto a energia do vento que lá bate. Me transporto para as calçadas, corro até o mar, mergulho e me energizo em suas águas, saio e rolo na areia e nela deito e fico a admirar o sol que me aquece a alma, iluminando a mente que bate em meu coração abrindo as portas das forças que lá residem me fazendo crer que breve tudo sera historia e de corpo presente, e não só de alma, estarei a desfrutar desse mar que tanto amo e que me acolhe com a divindade que só ele tem.

E das areias me levanto e sigo de volta ao meu pouso seguro de contemplação pela janela.

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