quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

No meio do nada dentro do tudo

O que será que faz com que alguém se sinta exatamente no centro do nada em uma época que tudo está ao alcance da ponta dos dedos? Basta um clique e pronto: o mundo a seus pés... ou melhor na palma da mão.

Contraditório, mas tão real que se pode quase tocar o vazio de emoções que a vida, dita moderna e pratica, pode causar a quem almeja mais do que simplesmente ter as mais nobres tecnologias jogadas a cada segundo no mundo que atrai, encanta, mas não satisfaz. A todo o momento um novo aparelho, um novo atrativo, um novo novo que promete o verdadeiro paraíso que se desfaz no minuto seguinte, feito cortina de fumaça, dando lugar a próxima maravilha lançada. E em busca do “mais completo” se vai seguindo com a desculpa de querer estar atualizado. É fato que o tempo urge e não se pode ficar para trás, as atualizações são bem vindas e necessárias, afinal o desejo é viver dentro do mundo e não se isolar em uma deserta ilha alheio as evoluções, até aí tudo bem. Mas e os sentimentos, as relações entre humanos, o toque, o olho no olho onde é que ficam? Onde se encaixam no meio de toda essa evolução? Será que daqui a algum tempo até o amor virtual vai ser mais almejado do que o presencial? Que os relacionamentos vão se limitar ao clique do botão mais próximo? Onde é que se perdeu a ternura do olhar, o prazer do ouvir a voz, que deram lugar a troca de textos frios, mal escritos e sem a energia do contato físico cada vez mais deixado de lado.


Os benefícios da praticidade do mundo virtual são extremamente bem vindos, viva! Que venham, mas que não acabem com a paixão do viver deixando em seu lugar simples buscas pelo mais perfeito confinadas em caixas de vento desprovidas da pulsação do sangue na veia que faz com que o coração pela boca queira sair e o mundo querer conquistar.

 Pergunta de um cibernético carente do mundo real:

Qual aplicativo deve se baixar para encontrar as seguintes funções: o brilho no olhar, o arrepio do toque, o calor do abraço e todas as emoções contidas no universo das relações presenciais? Será que alguém aí conectado pode me ajudar? Estou pesquisando há horas e não encontro, acho que devo ter deixado de baixar alguma atualização no meu ultra, supra sumo equipamento de altíssima geração.


Por favor, se alguém souber qual aplicativo, não deixe de informar!!!


E assim a vida segue...

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

De onde será que sou?

Corria eu pela praia em uma manhã de primavera ainda com os ares frígidos da madrugada recente. O vento úmido cortava-me o rosto à medida que por dentro dele atravessava em minha árdua tarefa. Após uma meia hora o Sol, finalmente, começou a distribuir seus calorosos raios dissolvendo os efeitos desconfortáveis do gélido amanhecer. Como que desprendida de meu corpo, que corria insanamente pela pista, me pus a apreciar o mar que reluzia enigmático contrastando com as espigas de concreto estendidas do outro lado da rua e em um lampejo dei de cara com o movimento do dia já a todo vapor e vi a grande questão se formar diante de mim: de que mundo eu faço parte? Ou a qual deles quero pertencer? De um lado toda natureza solitária e imponente e de outro os desejos de conquistas e competições que aliciam e encantam. Mundos se misturam a todo instante, universos diversos, de realidades cristalinamente distintas, se confundem e cobram posições de posturas, de escolhas, como se obrigatório fosse optar apenas por uma.

Continuei a corre observando os dois cenários a minha volta, respirei fundo e pensei: que me desculpe meu ilustre e talentoso músico poeta Zeca Baleiro, mas não tenho a minha tribo, quero todas, pertenço a todas sou do mundo ou dos mundos que se unem na essência e se diferenciam na forma.

O Sol despontava no imenso céu azul que cobria e inebriava de energia os iguais, porém distintos que começavam mais um dia de suas complexas e simples existências.

 Sou do mundo e ele é de mim...

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Sorte do acaso


Coincidência? Sorte?

Quem sabe até existam, mas ditas em separado não fazem o menor sentido, pelo menos para mim. É claro que você pode e deve achar o que quiser, mas eu não. Prefiro apostar na Sorte do Acaso... Aquela coisa mágica, que, por exemplo, te coloca no lugar certo, na hora certa e te faz dizer a coisa certa para a pessoa certa.

Talvez sejam os astros que confabulam em prol do ato, ou, o que tendo a crer que realmente seja, uma conjugação das energias que se harmonizaram e fazem acontecer.

O fato é que nada acontece simplesmente por coincidência ou sorte, ou pelo menos exclusivamente em nome destas duas facetas.

Tudo tem a sua razão de ser, por mais incompreensível que possa parecer por um primeiro momento ou até por todo o tempo. Pode ser que nunca venhas, a saber, ou, entender o “porque” de um determinado acontecimento. Talvez a elucidação esteja justamente na falta de nitidez, devendo a tão almejada explicação ficar na obscuridade, para preservar o feito.
Que nada acontece sem sua razão de ser eu já sei, mas nem tudo tem uma razão evidente, para se fazer ser.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Resgate de emoções


Pode-se dizer ser um delírio, mas com tamanho apelo do mais desconhecido e profundo inconsciente que querer trazer para o presente às sensações vividas no passado parece ser possível é quase palpável ao ponto de por vezes acreditarmos que basta um pouco mais de concentração para conseguir tal feito. E na ânsia desta busca insana deixa-se de viver e sentir os sentimentos do aqui e agora, que rapidamente se transformarão em passado entrando em nossa louca lista de procura.

Chego a pensar, mas não me atrevo a afirmar, que tal apego seria uma forma de fuga das emoções do hoje, devido à falta de conhecimento do teor das mesmas, sendo mais garantido se apegar as já conhecidas, as já vividas. Porém, esquece-se, ou desconsidera-se que o sentir se transforma com as modificações advindas do passar das paginas do tempo.

O tempo é perene, mas as percepções do que se vive nele são pessoais e não admitem repasse nem tão pouco podem ser armazenadas para serem experimentadas posteriormente. Sentiu, sentiu, não sentiu adeus.

O sol é único, com certeza, mas nunca é visto da mesma forma, cada dia é um dia, se perderes um amanhecer, não terás como vivê-lo novamente.

sábado, 28 de setembro de 2013

A obrigação de ter que gostar de tudo que se faz

Existe uma atmosfera, irritante, que quer obrigar a todos a gostarem de tudo que fazem.

Causa grande espanto e até mesmo pode chocar quando alguém se declara insatisfeito por estar fazendo alguma coisa que até poderia abandonar, mas não o faz por algum tipo de necessidade ou beneficio ou as duas coisas juntas. Mas o fato é que querem empurrar pela goela abaixo do indivíduo o comprometimento de estar inteiramente satisfeito com tudo que faz. Acho que esta síndrome está diretamente ligada à necessidade de ter que estampar aos quatros ventos a tal da felicidade plena e absoluta, sem direito a nenhum desnível de humor.
Mas aqui entre nós, só entre nós: nunca teve aquele dia, por exemplo, que desejou qualquer outra coisa a ter que ir trabalhar por mais que ame sua profissão? E a academia? Já não lhe ocorreu que poderia ser muito mais agradável estar seja lá aonde do que em cima daquela esteira maldita, mesmo que sua terrível e cruel consciência não lhe permita desistir dela? Ou qualquer outra coisa que precisou fazer, por qualquer que tenha sido o motivo, que já teve vontade de correr no sentido contrário, mas simplesmente não o fez e ficou ali para realizar a tarefa indesejada, mas que lhe trás algum benéfico e por isso não desistiu?

Aponte-me um, pelos menos um SER sequer que nunca tenha enfrentado as perguntas internas do fazer ou não fazer algo, lutando com os sentimentos de não gostar com o de ter que fazer e que não tenha optado pelo segundo? 
Por que é tão espantoso quando se admite: - Não eu não gosto de fazer tal coisa, mas faço. Fico a pensar o que será que assusta mais, se é a “insanidade” de se fazer algo que não se quer ou se é a coragem de admitir tal feito que esta atrelada com a consciência de que a vida não tem é nada de perfeito.
 

sábado, 21 de setembro de 2013

O passado não volta...


“-É claro que não!” Diria se visse tal tema estampado como titulo de um texto ou em qualquer outro lugar. Mas se parasse e analisasse pausadamente a busca constante pelas sensações um dia vividas e perdidas no passado, admitiria não ser tal título tão clichê assim.

Por várias e inúmeras vezes se quer, insanamente, resgatar emoções sentidas no passado e com isso perde-se a oportunidade de viver as que estão a se apresentar no aqui e agora, no presente que rapidamente será também passado, sem nem ao menos serem notadas e desfrutadas.

A necessidade de reviver o que um dia foi é tamanha que o prejuízo causado a alma e a própria carne de sentirem o que seria direito de seu prazer sequer é notado.

“-Que pena...” Ela lamenta depois de se dar conta e quando nada mais haverá por fazer. Pois o presente já será passado, o futuro não terá mais tempo de um dia se tornar presente e o passado só lhe servirá como consciência de todo tempo que ficou perdido em uma esfera atemporal impossível de ser retomada.

domingo, 15 de setembro de 2013

E o amanhã? Quando chegará?


Estava eu, dirigindo tranquilamente tendo a meu lado um menino de treze anos, quando de repente meu parceiro de viagem dispara a seguinte afirmativa: “- O amanhã nunca chega, não existe. O que existe é o presente.” Fiquei surpreendida com aquela declaração que veio, aparentemente, do nada, pois nossa conversa não tinha nenhuma relação com o assunto. Fiquei olhando para aquele ser tão puro e jovem, ao qual eu julgava ainda tão criança e me emocionei com sua sensibilidade e lhe perguntei o porquê de sua definição tão categórica e ele complementou: “- Quando o amanhã chega já é presente. A gente nunca vai ver o amanhã, estaremos sempre no presente.” Fiquei de fato sem palavras mediante a simplicidade em definir algo tão claro, mas que passa pela sombra da utopia que o mundo vai embutindo nas mentes humanas à medida que amadurecem. E sem ter mais o que questionar, concordei com ele.
Seguimos nosso trajeto conversando sobre várias outras coisas e a questão amanhã – presente se dissipou no caminho, mas não na minha mente e desde então estou a pensar sobre o assunto e principalmente pela maneira tão simples e direta que foi colocada pela aquela criatura que começa a descobrir o mundo e suas entranhas.
Olho-me no espelho e me pergunto em que lugar está o amanhã? A que horas ele chega e a que tempo pertence? E o que devo fazer com todos aqueles projetos que estão sendo trabalhados e aperfeiçoados milimetricamente em busca de ficarem perfeitos para serem vividos no amanhã? Um amanhã que nem sei onde fica e quando chegará. E com meu lado emocional embriago de todo meu idealismo chego à seguinte conclusão: - vou rasgar meus projetos e dar o braço ao meu sábio mestre de treze anos e viver o hoje, o aqui e agora e deixar o tal amanhã para que o futuro, aquele cara incerto que adora aquele outro, o quando, se entenderem e tratarem eles de esperarem pela incerteza do imponderável. Mas volto ao espelho e olho-me mais profundamente com meu lado razão que aos poucos foi crescendo a medida que o idealista foi sendo engolido pela dita “maturidade” e me pergunto: -Ah.. vais fazer isso mesmo? Tens coragem de enfrentar todos os teus porquês que vivem a te cobrar o que farás no tal amanhã?...
Aí me da uma vontade danada de ter meus treze anos de volta e com ele toda minha dispensabilidade de precisar insanamente que este imprevisível amanhã chegue com as respostas que não consegui obter no meu sabido hoje.