terça-feira, 27 de agosto de 2024

Sou uma vertente oposta de mim mesma

 Sentei de frente, para me ver bem nos olhos. 

Converso comigo, 

faço várias perguntas, rápido para não me dar tempo a respostas. 


Atropelo o pensamento e me satisfaço com o vazio da fala, 

-gosto do nada que preenche meus vazios-,


Levanto e vou fazer café , - quer? 

-ofereço-me , não espero a resposta, tomo a bebida quente e forte sozinha 


-egoísta - 


adoro a cara de espanto que faço ao me ver tomar a última gota do café, pousar a xícara na pia e sair sem me olhar . 

 

Volto para sala e me chamo, 

-senta aqui- 

-sento- 


me irrita ver tamanha resiliência, nunca uma expressão de raiva - não pode ser normal.


 Falo coisas sem importância, como se vai chover, fazer sol… essas desinteressantes falas, 


- me mantenho calma e passiva, só a espera . 


Mas à espera de que, mulher ? Levanta daí, dai-me um tapa! Reage!


O sorriso em minha direção frustra a reação que espero. 


Saio e bato a porta com força e não olho para trás, para não correr o risco de me ter ao meu lado. 

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