sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Eu estou na minha foto...

São tantas as pessoas, situações, tarefas... Enfim a lista das preocupações é grande, tanto que não sobra espaço para a peça mais importante, a que deveria ocupar o topo da lista, mas por vezes acaba não ficando nem com as sobras.
...E como todos os dias lá estava você relacionando tudo o que fazer e por quem fazer quando de repente, como que um raio alucinógeno pisca em sua mente uma imagem. A princípio pequena sem forma e após um esforço para tentar idendificá-la ela vai se tornando mais nítida, tomando corpo e como que pego de surpresa você consegue ver claramente. É você que está lá, um pouco perdido no meio de toda aquela multidão de seres que você julga aguardarem pelo benefício da sua ajuda. Mas como pode ser? O que estaria você fazendo do outro lado? Você fica desconfiado, olha várias vezes, mas não há dúvida, é você mesmo que está lá. E aí em um momento misto de desespero e satisfação vem a constatação acompanhada de uma grande indagação da vida: Eu estou na minha foto! Eu também preciso de mim?
É isso. Alguma vez já conseguiu se ver na sua foto? Já se incluiu na lista das prioridades da sua vida? Ou está na de supérfluos, na que pode ficar sempre para depois de tudo e de todos? Já se perguntou o quanto você precisa de você e o quanto pode fazer por você? Não precisa responder agora.
A foto é você quem tira, é você quem escolhe as pessoas que vão fazer parte dela. Incluir-se ou não é tarefa que só cabe a você. Difícil decisão fantasiada de fácil. Mais uma dessas pegadinhas que a vida prepara para testar a tão sábia e escorregadia ciência do saber viver.
Mas as fotos podem ser descartadas, feitas novas. Ou podem ser guardadas as velhas e tiradas novas, nada impede é só querer. Um álbum é composto de várias delas que retratam diversas fases e nem sempre todos estão em todas, mas o importante é que todos que importam estão na foto que importa estar.
As fotos da memória são as lembranças da vida que por muitas vezes não fotografam a peça mais importante, você. Simplesmente porque você não estava lá, viveu o momento só de corpo e não de alma, respirou, o coração bateu, mas não sentiu. Não dá para voltar no tempo, mas sempre há a possibilidade de tirar uma nova foto e escolher um ângulo melhor, aquele que foca realmente em quem interessa.
 (venda livro  - Tudo Na Vida É Passageiro: http://www.clubedeautores.com.br/search?what=bia+tannuri)
19/11/2010.

4 comentários:

  1. Bia,parabens pelo excelente texto, pela sua profundidade e principalmente pela capacidade de fazer as pessoas refletirem o porque da ausencia constante delaa nas fotos da sua vida. Creio que muitos poderao ler e nem sequer vao entender, pois talvez nao estejam inseridas nesse Universo de seres especiais, que pensam mais nos outros do que em si proprios, mas o importante è que aqueles mais esquecidos ,ficarao mais ligados, apos a leitura que voce proporcionou. O esquecer de aparecer na foto, nao quer dizer que eles nao precisam deles.
    Jose Augusto
    22-11-2010

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  2. Você me afaga a alma cada vez que emite comentários sobre meus textos. Pessoas são pessoas, mas só poucas são especiais como você! Cultive a sua foto para que ela fique sempre colorida e energética...Você e só você pode fazer por você...

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  3. Bia,

    Seu belo texto fez lembrar-me de algo dito pelo genial Freud( ou não foi ele?). O psicanalista disse algo como - Cuidado se vc vive desejando saber quem vc realmente é...pode ser que descubra "alguém nada intressante..." Mesmo com tal risco, tb sou do clube que deseja saber "quem sou eu?"...No mínimo para participar da fascinante brincadeira...

    Afinal, quem somos todos nós? Li certa vez uma frase - "Cada um de nós é o mistério do outro..." Às vezes brinco com amigos: Imagine a cena - vc sozinho no mundo sem nunca ter visto absolutamente ninguém ...até que num bela tarde de sol vc se esbarra, pela primeira vez, com o Outro! Como seria a reação de ambos?
    Susto? Loucura? Identificação? Dúvidas?

    Bia, vamos em frente, sempre com Clarice e tantos outros que fizeram da vida não apenas café, almoço, jantar e sexo...Vamos com eles descobrir outros mundos, novos mundos, belos mundos...para não enlouquecermos!

    Bj, sylvio netto
    23-11-2010

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  4. Sylvio,
    A literatura nos proporciona a magia de podermos navegar por vários mundos e encontrar ou não, o que importa é seguir.
    Obrigada
    23-11-2010

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