sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

A mente em desalinho com o corpo.

O que pensar quando a mente anda em sentido oposto ao do corpo?Quando não acompanha o estado da carcaça que a abriga?
O corpo pode ser são e conter uma mente carente de lucidez ou vice versa.
É dito como virtuoso o ser que possui uma mente sã independente do estado de seu corpo. Mas será que é realmente bom para o próprio ser ter consciência de tudo que se passa quando seu corpo já não mais atende suas vontades e desejos? Quando a mente assiste ao mundo como a um filme que não pode mais atuar a não ser como mero apreciador?
A mente é capaz de viver independente do corpo e também o corpo vive sem ela. Um coração pode continuar a bater, as pernas a andarem o levando a lugares com auxílio alheio sem que para isso precise ter conhecimento do que se passa. Da mesma forma que a mente pode observar o mundo sem que seu corpo possa dele desfrutar.
Até que ponto esse descompasso traz algum proveito para o hospedeiro das duas metades de um ser, corpo e mente?
Podes sentir o coração bater e a respiração ofegar pela mente que corre pelos campos que as pernas não são capazes de percorrer. E o corpo comer o doce que a mente não sente o sabor. São como dois seres distintos um fazendo o outro sentindo, um sentindo o outro fazendo, e os dois vão vivendo sem o discernimento da capacidade de concatenar o sentir um do outro.
Talvez a verdadeira dádiva seja um apagar quando do cessar do outro. O desencontro das capacidades pode trazer a angustia da consciência da falta do outro.
Por onde será que migra uma mente em aparente inércia? Será que está fora do mundo? Ou dentro de um que só a ela pertence? Quem será capaz de conhecer todos os cantos e labirintos que o pensamento pode ter e percorrer?
Se fosse possível traçar o mapa da imaginação e os caminhos pelos quais percorre entenderias os mistérios abrigados? E aí? Será que talvez o melhor não seja permanecer na tão por vezes sábia ignorância do que no tão almejado saber? Afinal desvendar para que e por quê? Melhor sentir do que saber. Melhor ser do que fazer. Só sendo é que se sabe o que é ser.
(Venda do livro Tudo Na Vida É Passageiro através do site clube de autores: http://www.clubedeautores.com.br/search?what=bia+tannuri)
06-01-2011

2 comentários:

  1. Bia, passei por isso hoje. Estava me arrumando para o trabalho e não consegui me sentir bem e bonita com nada que vesti. Essa briga entre a cabeça em dia e o corpo acompanhando a idade real está sendo muito difícil. Nunca havia passado por isso. Como resolver? Ginástica? Dieta? Terapia?

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  2. Leila,
    Como resolver? Realmente não sei. Sempre achei que a cabeça deveria ser o mais importante independente do corpo, mas hoje... já não tenho tanta certeza. A unica coisa que sei é que temos que viver na plenitude o tempo da lucidez da mente e vigor do corpo, aproveitando tudo que a vida tem para nos dar

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